Alunos de Medicina da Unicamp lançam abaixo-assinado contra prova do Cremesp

Participação em exame que avalia a qualidade do ensino no Estado será obrigatória

PUBLICIDADE

Por Carlos Lordelo
Atualização:

Estudantes da Unicamp lançaram um abaixo-assinado nesta quarta-feira, 26, contra o exame do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) que visa a avaliar a qualidade do ensino no Estado. A partir deste ano, a prova será obrigatória para todos os alunos no final do 6.º ano do curso. A concessão do registro profissional estará condicionada à participação no exame, independente do desempenho do candidato.

 

PUBLICIDADE

Para o Centro Acadêmico Adolfo Lutz, que representa os alunos de Medicina da Unicamp, a avaliação do Cremesp "não melhorará a educação médica e a qualidade da saúde do País". "A prova trará malefícios aos currículos, que passarão a seguir menos as diretrizes curriculares do MEC (Ministério da Educação) e mais os macetes para sua aprovação", diz o texto do abaixo-assinado, que pode ser acessado no link http://caalunicamp.com.br/examedocremesp.

 

A avaliação dos recém-formados já é aplicada para os formandos de Medicina do Estado há sete anos - mas de forma voluntária. Até hoje, 4.821 novos médicos já se submeteram ao exame, que a cada ano demonstra a falta de preparo dos profissionais. No ano passado, 46% dos alunos que fizeram a avaliação foram "reprovados". Eles não conseguiram, por exemplo, identificar um quadro de meningite em bebês e também não sabiam que uma febre de quase 40ºC pode aumentar o risco de infecções graves em crianças.

 

Como a presença não era obrigatória, cada vez menos estudantes faziam a prova. Quando o exame foi criado, 998 dos 1,9 mil alunos de Medicina do Estado participaram (52% dos formandos). Em 2011, no entanto, apenas 418 estudantes entre 2,5 mil compareceram. O Cremesp atribui a queda na participação ao boicote de algumas instituições, como a USP.

 

"A gente vai tentar boicotar o exame mesmo estando presente no local de prova", diz o estudante Fabricio Donizete da Costa, do 6.º ano de Medicina da Unicamp. "Mesmo com os dados sobre o déficit na formação de médicos, o Cremesp não conseguiu de fato resolver o problema. E não é uma única prova que o fará."

 

Na opinião de Fabricio, é preciso acompanhar ano a ano o desenvolvimento dos alunos na faculdade. Ele também aponta a necessidade de o MEC repensar a "abertura indiscriminada de escolas sem a estrutura mínima para formar médicos" e avaliar com mais profundidade a qualidade das atuais instituições de ensino.

 

A reportagem ligou para os telefones da Assessoria de Imprensa do Cremesp na noite desta quarta, mas não obteve retorno.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.