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Alunos de Etecs mantêm ocupação do Centro Paula Souza

Estudantes vão permanecer acampados no prédio da autarquia e ganham apoio de alunos da USP e do Movimento Passe Livre

Por Isabela Palhares
Atualização:
Prédio do Centro Paula Souza foi ocupado na quinta-feira Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

SÃO PAULO - Estudantes das escolas técnicas do Estado de São Paulo (Etecs) decidiram nesta sexta-feira, 29, manter a ocupação do prédio do Centro Paula Souza, mesmo após a autarquia, que administra as unidades, se comprometer a oferecer merenda seca para 11 escolas que nunca receberam alimentação. Eles defendem que a chamada merenda seca, composta por bolachas, barras de cereal e suco, é insuficiente, uma vez que a maioria estuda em período integral.

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O movimento ganhou o apoio de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e do Movimento Passe Livre. Alunos que participaram das invasões no ano passado contra a reorganização da rede também fazem parte do grupo, como mostrou o Estado nesta sexta-feira. A ocupação é organizada em comissões, cada uma responsável por um serviço, como limpeza, segurança, comunicação e arrecadação de alimentos, roupas e cobertores. 

O prédio foi invadido na quinta-feira por cerca de 150 pessoas. Nesta sexta, os funcionários administrativos do centro não puderam entrar no local de trabalho, por causa da manifestação, e foram dispensados. 

No fim da tarde, a instituição informou que quatro Etecs receberão a merenda a partir de segunda-feira. Outras sete unidades devem receber os alimentos “até o fim da próxima semana”. “A obrigatoriedade de entrega de merenda para o ensino médio é uma lei de 5 anos atrás, então nossas escolas não estavam preparadas com cozinhas e refeitórios”, disse Laura Laganá, diretora-superintendente do centro.

Para os alunos, apenas a garantia de entrega da merenda seca não é suficiente para que deixem a ocupação. Eles pedem que sejam construídos restaurantes nas unidades e, até a sua conclusão, recebam uma espécie de vale-alimentação. “Na minha escola, a gente já recebe a merenda seca e é péssima. Fico oito horas em aula e só recebo barrinha de cereal e bolacha. Nossa luta é até termos uma alimentação de qualidade”, disse Luana Sorbini, de 16 anos, estudante do curso técnico de Nutrição na Etec Camargo Aranha, na Mooca, zona leste da capital.

Na quinta-feira, a polícia controlava e impedia a entrada de novos manifestantes no local. Mas nesta sexta manteve apenas um bloqueio no quarteirão onde fica o prédio.

Vitrine. Com bons resultados em avaliações de qualidade da educação, como a Prova Brasil e o Saresp (exame estadual que mede o índice de qualidade dos colégios), as escolas técnicas são uma das vitrines da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). Também são as Etecs que sempre lideram os rankings de melhores notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre as unidades da rede pública.

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