Alunos de Arquitetura do Mackenzie propõem melhorias para o curso

Eles fizeram assembleia nesta 2ª-feira; graduação teve desempenho ruim em avaliação do MEC

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

SÃO PAULO - Estudantes de Arquitetura do Mackenzie se reuniram na noite desta segunda-feira, 21, para discutir os problemas do curso, que teve desempenho insatisfatório em avaliação do Ministério da Educação (MEC). A assembleia ocorreu a uma semana do início das aulas, no câmpus de Higienópolis, região central, e contou com a participação de cerca de 300 pessoas.

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Durante três horas, os alunos enumeraram reclamações e sugestões de melhoria principalmente quanto à infraestrutura e ao corpo docente, dois dos pontos que a universidade precisa ajustar rapidamente caso queira sair do estado de recuperação. Uma nova assembleia foi marcada para quarta-feira, 23, quando será redigido um manifesto para ser entregue à reitoria e à direção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).

Entre os pontos já levantados pelos alunos estão as sugestões de construir um canteiro de obras e de realizar concursos internos para escolher projetos de melhoria do espaço físico da FAU. Em relação ao corpo docente, os estudantes pedem a organização de seminários para discutir o ensino, redistribuição dos professores entre as disciplinas e revisão do sistema de avaliações.

A graduação em Arquitetura do Mackenzie tirou nota 2, numa escala de 1 a 5, no Conceito Preliminar de Curso (CPC) referente a 2011. O curso foi punido com a suspensão da autonomia e está proibido, por exemplo, de ampliar o número de vagas no vestibular e de oferecer aos alunos a possibilidade de contratar crédito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal.

O Mackenzie terá de assinar um protocolo de compromissos com o MEC para corrigir as deficiências e melhorar a qualidade do ensino. O plano será acompanhado por uma comissão de avaliação, que fará relatórios bimestrais sobre a situação do curso. Se as medidas de melhoria não forem cumpridas, será instaurado processo administrativo, que pode resultar no fechamento da graduação.

Enade

De acordo com indicadores divulgados pelo MEC em dezembro, a baixa performance dos alunos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) também contribuiu para a nota ruim do curso. Na assembleia, estudantes voltaram a negar a realização de um boicote organizado ao exame. No entanto, como a avaliação ocorreu em data próxima à entrega de projetos e até do trabalho de conclusão de curso, parte dos formandos deixou a prova em branco em protesto contra a direção da FAU, que não flexibilizou a entrega dos trabalhos.

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O desempenho ruim do curso acendeu a luz amarela na alta cúpula do Mackenzie. Nesta segunda o reitor Benedito Guimarães Aguiar Neto recebeu alunos e professores para discutir os problemas da FAU. Segundo o presidente do diretório acadêmico de Arquitetura, Murilo Baldoni, o reitor prometeu mudanças até o meio do ano e se empenhará para que o corpo docente conscientize os estudantes da importância de prestar o Enade.

"A priori serão feitas modificações no plano de ensino. Muitos professores não têm o cuidado de redigir o material da forma correta", disse Baldoni, de 22 anos, que também participou mais cedo de uma reunião da Congregação da faculdade. No encontro, discutiu-se a necessidade de rever o projeto pedagógico do curso de Arquitetura.

Ainda segundo o presidente do Dafam, a comissão criada pela direção da FAU para acompanhar a preparação dos alunos para o Enade se reunirá novamente na quinta-feira, 24. Sobre a assembleia desta segunda, ele disse que o debate "perdeu o foco". "Muitos alunos reclamaram de problemas porque às vezes não tem espaço para desabafar", afirmou Baldoni.

Uma das sugestões levantadas pelos alunos é que melhore a comunicação entre eles e a direção da FAU. Alguns participantes lembraram da entrevista concedida ao Estadão.edu pelo diretor da faculdade, Valter Caldana, e pediram que o professor conversasse diretamente com os estudantes em vez de se manifestar pela imprensa.

* Atualizada às 3h45

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