Alunos da USP e Harvard discutem de crise hídrica a mobilidade em SP

Ao longo de dez dias, 30 estudantes - metade de cada instituição - participaram de palestras, debates e visitas em campo para refletir problemas na capital

PUBLICIDADE

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Alunos de cursos de engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e de diversos cursos de graduação de Harvard, dos EUA, participaram de um encontro neste mês para discutir os problemas da cidade de São Paulo. Ao longo de dez dias, 30 estudantes - metade de cada instituição - participaram de palestras, debates e visitas em campo para refletir sobre a mobilidade na capital, a crise hídrica e a produção de energia, com objetivo de propor medidas sustentáveis a estas áreas e comparar a realidade dos países.

PUBLICIDADE

Esta é a sexta edição do encontro colaborativo, promovido pelas instituições e pelo escritório brasileiro do Centro de Estudos Latino-Americanos de Harvard. Trata-se de um curso extracurricular gratuito, com o objetivo de fomentar o intercâmbio dos estudantes. Segundo o diretor do programa, Jason Dyett, os graduandos são selecionados pelas universidades com base no interesse, no bom desempenho acadêmico e na fluência do inglês. 

Alunos de engenharia da USP e de diversos cursos de Harvard visitam horta comunitária na Praça das Corujas, Vila Madalena. Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Em anos ímpares, o projeto ocorre no Brasil e, nos pares, nos EUA. A cada ano, os estudantes das duas instituições são estimulados a discutir um tema diferente, comparar a realidade de cada país e apresentar um trabalho final. Neste ano, o tema foi “Cidades Sustentáveis” - edições anteriores já abordaram as mudanças climáticas, a produção de energia e o desenvolvimento urbano. 

Os alunos são divididos em grupos por tema para as apresentações. Foram discutidos os seguintes tópicos no contexto da capital:distribuição de recursos de energia, uso, reuso e gestão da água, construções sustentáveis, eventos metereológicos e mobilidade urbana. Para embasar os estudos, o grupo fez visitas à represa de Atibainha, do Sistema Cantareira, à fábrica de turbinas Wobben, em Sorocaba, à Horta das Corujas, na Vila Madalena, ao Centro de Controle Operacional do Metrô (CCO) e ao Centro de Gestão de Emergências (CGE), entre outros.

Em um dos últimos dias do curso, os estudantes visitaram a Praça das Corujas, na Vila Madalena, onde os moradores da região cultivam uma horta comunitária. Antes, eles haviam assistido a uma palestra sobre infraestrutura verde com o professor de arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU), Paulo Pellegrino. 

Experiências. A visita à represa de Atibainha, em Nazaré Paulista, foi uma das que mais chamou atenção de uma das alunas. “Nós nunca estivemos em uma situação como essa. Normalmente temos um problema nos EUA quando não temos dinheiro ou tecnologia. Aqui parece que a situação é política”, comentou a aluna de ciência da computação, Kristen Faulkner. A jovem de 22 anos veio do Alaska e afirmou que é a primeira vez que visitou o Brasil. 

Publicidade

Para a apresentação final, Kristen, que participou do grupo de mobilidade urbana, quer elaborar um aplicativo para smartphones que ajude a mapear viagens de ônibus e trens. “Quero identificar quem está viajando para onde, como estão usando o ônibus e o metrô”. A conclusão da estudante após a estadia no País é que há necessidade de maior ligação entre as linhas e estações de metrô, trem e ônibus. 

Já o estudante de políticas para o meio ambiente e engenharia ambiental Deng-Tung Wang, de 20 anos, esteve na equipe que discutiria a crise hídrica. O jovem, que em Harvard tem envolvimento em grupos de teatro e arte, contou que planejou fazer uma espécie de peça teatral em que os personagens são a população, os consumidores, a água e os políticos. O objetivo da proposta lúdica é apresentar propostas como a conscientização da população sobre o uso racional da água. 

O intercâmbio em Harvard é uma das metas do estudante de engenharia da Poli, Rafael Amaral, de 19 anos. “Penso em fazer uma pós ou um MBA por lá”. Além dos encontros acadêmicos, os alunos também fizeram visitas a pontos turísticos. Ao visitar o Beco do Batman, - conjunto de ruas estreitas localizadas na Vila Madalena que atrai turistas pelos grafites nas paredes -os alunos foram recebidos pelo grupo de forró Coisa a Dizer, que os convidou a dançar. “Vão sair com uma ótima impressão”, disse Amaral. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.