Alunos da Medicina da USP entram em greve a partir de segunda

Com a redução de atendimentos no Hospital Universitário, estudantes afirmam que ensino também foi prejudicado

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Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) aprovaram greve a partir de segunda-feira, 13, em protesto contra a redução do número de médicos e atendimento de pacientes no Hospital Universitário (HU). Eles afirmam que diminuição também prejudica o ensino de 2.430 estudantes que anualmente atuam na unidade no atendimento à população.

A direção da Faculdade de Medicina da USP disse lamentar a decisão dos estudantes e informou que as atividades acadêmicas serão mantidas e que as ausências não serão abonadas Foto: JF Diório/Estadão

 

A direção da faculdade disse lamentar a decisão dos estudantes e informou que as atividades acadêmicas serão mantidas e que as ausências não serão abonadas. Também afirmou que está fazendo esforços para garantir que não haja prejuízo nos atendimentos do hospital.

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No ano passado, a direção do HU começou a reduzir os atendimentos. Foram suspensos os serviços oftalmológicos e os prontos-socorros adulto e pediátrico, limitados durante a noite apenas para casos de emergência. As restrições foram decorrentes do déficit de especialistas provocado pelo Programa de Demissão Voluntária (PDV) e a suspensão de novas contratações.

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Segundo os estudantes, como novos médicos pediram demissão nos últimos meses, há o risco de o pronto-socorro deixar de funcionar completamente até o final do mês.

"Por enquanto ainda há o atendimento pediátrico. A criança passa por uma triagem. Se o caso for considerado grave, ela é atendida, se não for, ela é encaminhada para outra unidade. O risco é de nos próximos dias não podermos atender nenhuma criança", disse Maria Luiza Corullon, presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, formado por estudantes da Medicina. 

O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) diz que, desde 2014, o hospital perdeu cerca de 300 funcionários, a maioria enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Desses, 43% eram médicos - uma redução de 15% no quadro. A diminuição também levou ao fechamento de 49 leitos. O hospital opera hoje com 184. 

Convênio

Em nota, a direção da Faculdade de Medicina disse que, em conjunto com a reitoria e a Superintendência do hospital, está "envidando todos os esforços" para viabilizar convênio com a Secretaria Municipal da Saúdepara "prover o total funcionamento" do pronto-socorro da unidade.

"Este convênio já está finalizado para ser assinado com as autoridades municipais, visando o benefício da população e o ensino dos alunos", diz. 

No entanto, a Secretaria da Saúde disse que o convênio ainda está sendo discutido e estudado para verificar sua "viabilidade técnica e jurídica". 

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Para os estudantes, o convênio com a Prefeitura de São Paulo resolveria em partes o problema do hospital.

"Vai ajudar nos atendimentos médicos, tirar a sobrecarga de alguns profissionais. Mas esses médicos não terão ligação com a USP, com a faculdade, portanto, não vão ensinar, orientar os estudantes. É um prejuízo para o ensino", disse Maria Luiza.