Incomodado com a bagunça que o menino E., de 10 anos, aluno de uma escola municipal de Boituva, a 115 quilômetros da capital paulista, fazia no ônibus escolar, o motorista Jactan Fioravante parou o coletivo no acostamento de uma rodovia e fez o garoto descer. O professor que acompanhava os 24 alunos do ensino fundamental nada fez para impedir a ação do motorista. O menino teve de caminhar quase 3 quilômetros para chegar à escola.
O fato ocorreu na terça-feira e ontem a prefeitura abriu um processo disciplinar para apurar a conduta dos dois servidores. Eles foram afastados do serviço. A mãe da criança, a dona de casa Patrícia Teixeira de Oliveira, pretende processar a prefeitura. “Amanhã vou atrás de um advogado, pois acho que foi injusto e perigoso o que fizeram com meu filho.”
De acordo com Patrícia, o menino ensaiava com outros alunos para uma apresentação natalina. O micro-ônibus os levava do bairro Santa Rita de Cássia para o local do ensaio, uma escola da cidade. Segundo a mãe, quando o veículo passava numa lombada, as crianças gritavam. “Todas estavam fazendo bagunça, mas só meu filho foi castigado.”
Conforme relato da mãe, o motorista parou no acostamento da SP-129, que liga a cidade a Porto Feliz, e o professor se voltou para o seu filho, mandando: “Você vai descer. Desce agora e vai a pé para a escola.” O menino teve de percorrer 500 metros pela beira da pista, atravessar a rodovia e andar mais 2 quilômetros até a escola. “Podia ter acontecido alguma coisa ruim com ele. E de quem seria a responsabilidade?”, questiona a mãe.
Patrícia ficou sabendo do que ocorrera porque outros alunos a avisaram pelo celular. O estudante, segundo ela, está assustado. “Ele não vai mais participar do coral”, afirma.
Outra versão. O secretário de Educação do município, Márcio Pedro Marson, disse ter apurado outra versão. Segundo ele, o aluno discutiu com o professor e se negava a atendê-lo. “O motorista tomou as dores do professor e fez com que descesse do ônibus.”
Ele disse que ambos agiram de forma irresponsável. “Foi inadmissível o que o motorista fez e também a conduta do professor, que se omitiu.” Com a conclusão do processo, eles podem ser demitidos do serviço público.
A Polícia Civil também abriu inquérito para apurar o caso.