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Agilidade ajuda na promoção dos jovens

Dinamismo do funcionário se sobrepõe ao tempo de permanência na empresa

Por Luciana Alvarez
Atualização:
Cargo. Aos 24 anos, Milena Bizzarri já era supervisora de uma equipe de 12 funcionários Foto: Rafael Arbex / Estadão

Durante muito tempo, subir na carreira executiva envolvia não só competência, mas também vários anos de dedicação à mesma companhia. Hoje, há novos fatores envolvidos na equação e, na maioria das vezes, o dinamismo do funcionário se sobrepõe à permanência na empresa. Dessa forma, profissionais jovens conseguem chegar a cargos de alto escalão rapidamente. 

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“Tem gente muito jovem em posição de liderança não só na minha empresa, mas em várias outras para quem prestamos serviços. Vejo diretores com 28 e 29 anos de idade”, conta Milena Bizzarri, gerente de recursos humanos e marketing na consultoria Marzars Cabrera.

“Este ano, duas pessoas que estavam havia apenas um ano no cargo chegaram a ser cotadas para uma nova promoção. Só decidimos esperar para dar um pouco mais de tempo para que desenvolvessem mais maturidade e segurança para o cargo”, conta Milena, que aos 24 anos já era supervisora de uma equipe de 12 funcionários. De acordo com ela, uma pessoa que entra com 22 anos no processo de trainee da empresa costuma chegar a ser gerente de área aos 27 anos. 

Promoção. Mais do que a permanência na casa, o que conta é agilidade para aprender com certa bagagem emocional, o que exige habilidade, já que os candidatos têm pouca idade. “Tenho dois supervisores abaixo de mim que são bem jovens, mas ambos sabem fazer as coisas acontecerem. Eles vão atrás. Descobrem soluções usando a criatividade e a tecnologia que já está disponível. Hoje você tem acesso a muito mais informação, está tudo muito disponível. Com a informação na mão, as pessoas têm a capacidade de evoluir. Elas conseguem ampliar o repertório.” 

Ainda que sem a “fila” para as promoções por ordem de chegada ao cargo, a gerente de RH garante que o processo atual, com critérios claros para avaliação de desempenho e um comitê que inclui os pares, cria menos insatisfações entre os candidatos. “A pessoa sempre pode achar que foi injustiçada, que era a mais adequada, mas com nosso processo a ‘dor’ diminui muito, porque todos entendem como funciona a promoção. A clareza com que tudo é feito acaba nos protegendo”, garante. 

Na Mazars, as promoções acontecem apenas uma vez por ano, como forma de dar transparência e regularidade aos funcionários. “Na data, as pessoas já receberam seus feedbacks, o que diminui a ansiedade. Elas já sabem, mais ou menos, se têm chances”, afirma.

Perfil. Ricardo Rocha, diretor na Adecco Professional, empresa de recursos humanos, também identifica claramente o fenômeno de promoções de pessoas mais jovens. “Há 10, 15 anos, era normal você saber que depois de determinado tempo no cargo iria ser promovido. A exigência agora é por um profissional completo, que saiba se adaptar, busque conhecer novos sistemas, conheça bem as tecnologias e o mercado”, afirma. 

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Para evitar um clima ruim, as companhias precisam adotar processos transparentes. “Quem tem boas práticas, deixa as metas para promoção bem definidas, tem os parâmetros muito claros. As pessoas precisam conhecer as políticas de cargos e carreiras, entender o que é exigido para a próxima função. Se não for claro, aí sim o sistema pode gerar insatisfação entre os funcionários e prejudicar a produtividade”, diz Rocha. 

Ambiente estimulante. Roberto Cunha, diretor da Hiring, empresa de recrutamento e seleção, diz que com a evolução tecnológica, as competências exigidas tendem a mudar. “Em pouco tempo, as empresas vão imprimir em impressoras de alta tecnologia em vez de estocar produtos. O estoque está com dias contados”, cita como exemplo do impacto do avanço tecnológico sobre negócios, ainda que tradicionais. 

“Vai se destacar na carreira quem é capaz de se adaptar bem a mudanças e a se relacionar com facilidade”, diz ele. “Mas na verdade essa é uma competência necessária para o ser humano de forma geral, não só no nível executivo, mas desde o início, começando lá pelos estágios.”

As mudanças, sejam elas na natureza do trabalho ou na evolução da carreira, devem ser enfrentadas como estímulo, nunca com desmotivação. “Abrem-se portas em outras frentes. Vejo atualmente executivos indo para startups por acreditarem na causa. Eles querem criar soluções para os problemas, querem afetar positivamente a sociedade e, principalmente, querem ser relevantes. É uma forma muito mais estimulante de ver e viver”, afirma.

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