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70% dos alunos brasileiros de 15 anos não sabem o básico de Matemática

Baixo desempenho nacional na disciplina é uma das principais conclusões do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), aplicado em 72 países

Por Luísa Martins
Atualização:

BRASÍLIA - Mais de 70% dos alunos brasileiros entre 15 e 16 anos não alcançam sequer o nível básico de proficiência em Matemática, isto é, são incapazes de resolver problemas simples envolvendo números. O baixo desempenho nacional nesta disciplina é uma das principais conclusões do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), teste aplicado no ano passado em 72 países e divulgado nesta terça-feira, 6, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O escore médio do Brasil em Matemática foi de 377, enquanto a média da OCDE ficou em 490 Foto: Vasily Fedosenko/Reuters

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O escore médio do Brasil em Matemática foi de 377, enquanto a média da OCDE ficou em 490. Em uma comparação com outras 13 nações de características socioeconômicas semelhantes às brasileiras - filtro feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC) - o País só ganha da República Dominicana, que ficou com índice de 328. Naquele país, 90% dos alunos de 15 anos não têm conhecimento matemático suficiente para “exercer plenamente sua cidadania”, diz o relatório.

A disciplina de Matemática começou a ser avaliada pelo Pisa em 2003 - desde então, a cada três anos, o Brasil teve ganho médio de 6 pontos. A OCDE considera isso positivo, mas, por outro lado, o dado mais recente preocupa: de 2012 para cá, a queda foi superior a 11 pontos. A diminuição é considerada estatisticamente relevante pelos pesquisadores.

Entre os Estados brasileiros, o que obteve a melhor nota foi o Paraná (406), mas a taxa de resposta do Estado exigida pelo exame não foi cumprida, "prejudicando a análise fidedigna" dos dados. A melhor nota que aparece em seguida é do Espírito Santo, com nota 405.  Alagoas amargou a pior (339) nota. Cerca de 43% dos alunos brasileiros da amostra estão abaixo do nível 1 - para o qual a OCDE nem especifica as habilidades envolvidas, de tão precárias.

O Pisa também avalia as habilidades dos estudantes em leitura e em ciências. Em ambas as disciplinas, os resultados permanecem estagnados desde o início da série histórica, em 2000 e 2006, respectivamente. Isso significa que não houve aumento ou diminuição estatisticamente importantes durante o período.

Em Ciências, mais de 56% dos alunos brasileiros entre 15 e 16 anos só conseguem resolver questões de baixa exigência cognitiva. O escore médio nacional neste quesito é de 401 pontos, bem abaixo da média da OCDE, de 493. No ranking de 14 países elaborado pelo Inep, o Brasil só está à frente do Peru (397) e, novamente, da República Dominicana (332). Assim como em Matemática, Alagoas é o Estado com pior nota (360). O Espírito Santo levou a melhor, conquistando 435.

Leitura foi a mais satisfatória. Entre as três avaliações, a competência de leitura foi a mais satisfatória para o Brasil perante a média da OCDE. A nota média dos países-membros da organização foi de 493, enquanto a média nacional resultou em 407.

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No entanto, 51% dos estudantes pesquisados estão abaixo do nível considerado aceitável para o exercício da cidadania: não conseguem, por exemplo, reconhecer a ideia principal ou interpretar fatores implícitos de um texto. As discrepâncias entre os Estados são altas: no Espírito Santo esse índice é de 46,7%, enquanto em Alagoas ultrapassa os 70%.

Assim como em Ciências, o Brasil está em antepenúltimo lugar entre os 14 países de realidades semelhantes, segundo o Inep: seu desempenho é melhor apenas que o do Peru (398) e o da República Dominicana (358). A habilidade em leitura é a única, entre as três, em que as meninas têm escores melhores que os meninos.

Perfil. Participaram do Pisa, no Brasil, 23.141 estudantes em 841 instituições de ensino municipais, estaduais, federais e privadas. Só responderam ao teste alunos entre 15 e 16 anos cursando, no mínimo, o 7º ano do ensino fundamental (a defasagem idade-série no País é de 19%, segundo dados do ano passado). A maioria dos pesquisados era do sexo feminino, matriculada no ensino médio na rede estadual, em escola localizada em área urbana.