2º dia de Enem teve filas na entrada, desespero de atrasados e revisão

Problemas no trabalho, falta de ônibus e até RG deixado em casa foram motivos alegados pelos candidatos barrados

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Por Luiz Fernando Toledo , José Maria Tomazela e GUILHERME MAZIEIRO
Atualização:
'Estava trabalhando desde as 5 horas e não deu tempo. Pedi ao meu chefe para sair mais cedo, mas não consegui' Foto: Luiz Fernando Toledo/Estadão

SÃO PAULO - Ainda com a camiseta suja de farinha, o confeiteiro Adeildo Araújo da Silva, de 39 anos, chegou quatro minutos atrasado para o segundo dia de prova do Enem na Uninove da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Ofegante, viu que os portões estavam fechados já na esquina e diminuiu o passo. As filas na hora da entrada, o desespero dos retardatários e a revisão de última hora se repetiram neste domingo, 25.

“Estava trabalhando desde as 5 horas e não deu tempo. Pedi ao meu chefe para sair mais cedo, mas não consegui. Agora é tentar no ano que vem”, contou ele, que faria o exame pela primeira vez para obter o certificado de conclusão no ensino médio.

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“Decidi voltar a estudar por incentivo da minha mulher. Essa vida de trabalhar de domingo a domingo não é pra mim. Quero mudar”, contou o confeiteiro. Silva precisou interromper os estudos ainda adolescente, quando deixou o ensino médio para trabalhar. “Tinha dois empregos para sustentar a casa”, disse ele, que pretende cursar Psicologia.

Os candidatos Henrique Hoffmann, de 20 anos, e Gabriela Regina Silva, de 17, perderam por um minuto o segundo dia do Enem em Sorocaba, no interior de São Paulo. Eles chegaram quando o portão tinha acabado de fechar. “Pior que eu precisava muito dessa prova para conseguir o financiamento do ProUni”, disse o rapaz.

Os dois são vizinhos no bairro Brigadeiro Tobias e reclamam que o ônibus atrasou. “Esperamos quase uma hora no ponto”, disse Gabriela. Eles tinham feito a prova no sábado. 

Para quem chegou nos últimos minutos, houve até revisão de Matemática. Muitos candidatos aproveitaram um “resumão” dado em uma lousa pelo professor Márcio Barbosa, de 55 anos, na Uninove Barra Funda. Personagem conhecido da porta dos vestibulares, ele tentou indicar estratégias para memorizar algumas fórmulas. 

Desclassificado. Burlar a segurança não resolveu a situação dos atrasados. Em Campinas, o estudante de Engenharia Civil Paulo Henrique Emerick, de 22 anos, foi desclassificado após pular a grade do estacionamento da Unip. O jovem chegou à unidade às 13h01 – um minuto após o término do prazo – e achou o portão fechado. “Pulei pelo estacionamento, tinha um segurança ‘moscando’, sentado. Saí correndo e fui para a sala. Antes de entrar, vieram me retirar.” Ele se atrasou por ter esquecido o documento em casa. “Moro longe e no meio do caminho vi que estava sem o RG.”

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