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A identidade no papel

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, é papel da escola "ensinar a produção histórica e social da arte e, ao mesmo tempo, garantir ao aluno a liberdade de imaginar e edificar propostas artísticas pessoais ou grupais com base em intenções próprias". Sendo assim, quando se trata de aulas de Arte, o ideal é que elas envolvam produção, reflexão e apreciação de obras artísticas.

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Por Colégio Vital Brazil
Atualização:

"Além disso, também é importante que as atividades propostas não se restrinjam ao desenvolvimento de habilidades manuais com lápis, papel, cola e tesoura", explica Sílvia Mendes, professora de Arte do Colégio Vital Brazil, em que o projeto pedagógico de Arte se baseia no conteúdo das outras disciplinas e segue a concepção de educação artística da educadora Ana Mae Barbosa, referência de arte-educação no País, de "abordagem triangular": contextualizar, apreciar, fazer. Ou seja: os alunos são estimulados não só a "fazer Arte" como forma de expressão, mas também a apreciar (ler criticamente) e a contextualizar obras de arte (relacionar com outras áreas do conhecimento).

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Sílvia conta que em História, por exemplo, os alunos do 2º ano do Ensino Fundamental estão trabalhando suas histórias pessoais, com a produção de linhas do tempo de cada um, desde quando eram bebês, e a história de suas famílias, com a produção de árvores genealógicas. Por isso, as aulas de Arte aproveitaram para trabalhar questões de identidade e de autoimagem por meio da elaboração de autorretratos.

"O projeto tem um significado bastante pessoal para cada aluno e é interessante porque demanda das crianças a capacidade de pensarem sobre si mesmas e de se descobrirem indivíduos com personalidades únicas e distintas. A produção dos autorretratos começa com uma exploração gráfica e estética do rosto humano e termina com um importante exercício de autoconhecimento", afirma Sílvia Mendes.

 Foto: Estadão

O trabalho se constrói em quatro fases:

1ª fase: Retrato do amigo

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Organizados em duplas, alunos desenham colegas, e vice-versa.

2ª fase: Autorretrato diante do espelho

Individualmente, cada aluno reproduz o próprio rosto no papel, com canetas e lápis de cor.

Nas duas primeiras fases, a ideia é consolidar noções de proporção, formato e cor. Os alunos percebem que há diferentes formatos de rosto - quadrados, circulares, triangulares e ovais - e diferentes cores de pele.

3ª fase: Autorretratos com palavras

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Inspirados na obra do artista paulistano Alex Flemming, os alunos completam "molduras de rosto" com palavras e frases que os definam, compondo um autorretrato pictórico-verbal. Aqui começa o exercício de autoconhecimento. A maioria dos alunos começa identificando apenas objetos concretos de que gostam, como bola, cachorro, boneca, mas já há aqueles que se definem por características de personalidade: falante, alegre, engraçado.

4ª fase: Autorretratos com colagens

A inspiração vem da obra da mexicana Frida Kahlo, cujos célebres autorretratos exploravam diferentes episódios de sua vida e facetas de sua personalidade. Em vez de palavras, os alunos adornam seus autorretratos com colagens de figuras significativas, recortadas de papéis texturizados. Essa fase dá continuidade ao trabalho reflexivo e amplia o repertório de conhecimentos e habilidades artísticas dos alunos.

 Foto: Estadão

"Antes das atividades, é preciso um primeiro contato com a biografia e as obras de Flemming ou de Frida Kahlo, por exemplo, para dar mais significado ao trabalho. É claro que essa contextualização deve respeitar a faixa etária dos alunos", diz Sílvia, afirmando que as passagens mais "pesadas" da vida da artista mexicana são, compreensivelmente, deixadas de fora da aula. "E neste ano tivemos sorte: há uma aluna mexicana no 2º ano, que falou um pouco sobre a artista para os colegas. Isso aumentou bastante o interesse da classe".

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