Projetos para Aprender a Aprender

Na dinâmica da vida escolar, há um marco que assinala a tarefa fundamental do professor: que seus alunos aprendam e que aprendam a aprender.

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Por villare
Atualização:
 Foto: Estadão

Durante muitos anos, na elaboração dos programas escolares, se distribuíam nos meses letivos os ditos "conteúdos" por excelência, ou seja, todos os conceitos que os alunos tinham que aprender. Ficavam à margem deste tipo de programa muitos dos procedimentos e atitudes que são as bases para que se construam as aprendizagens.

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Atualmente damos uma nova dimensão ao papel da escola. Reconhecemos, tal como afirma Artur Noguerol1, que os docentes devam oferecer a seus alunos simultaneamente aos conceitos que devem interiorizar as ajudas que estruturam os processos de interiorização. Afinal, é preciso que a escola ensine a aprender.

Neste contexto, o trabalho com projetos oferece uma organização didática que permite ao aluno compreender o sentido da tarefa em que está envolvido, bem como adquirir hábitos e procedimentos que permitam o desenvolvimento de importantes estratégias de estudo.

Partindo de uma pergunta que move as investigações, os projetos permitem um envolvimento maior do aluno à medida que este tem clareza do que deverá aprender e dos passos que serão dados. Como co-autor do planejamento junto ao professor, em um projeto o aluno participa ativamente da definição de meios que levarão ao alcance dos objetivos. Para tanto, envolve-se em atividades estruturantes, que vão muito além da aquisição de conceitos, aprendendo a planejar, a definir prioridades, a lidar com o tempo, a dividir tarefas, a valorizar os registros e a organização pessoal. Neste contexto, hábitos mentais como a persistência e a flexibilidade de pensamento também surgem como importantes elementos ao longo da execução de um projeto compartilhado.

A partir destes fundamentos, na Escola Villare organizamos projetos que têm como base de sua proposta a possibilidade de aliar a construção de conceitos com os processos fundamentais de aprender a aprender.

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Além disso, entendemos que a força de um projeto reside no fato de requerer a construção de um trabalho coletivo, que tem as relações interpessoais como premissa. Tal condição potencializa as oportunidades para que os alunos lidem com as diferenças, exercitem a escuta do outro e desenvolvam suas habilidades de comunicação, entre outros aspectos.São aprendizagens valiosas, necessárias aos mais diferentes contextos da vida.

Neste ano, os alunos do 5º ano do ensino fundamental viveram uma grande experiência em torno de um projeto que envolveu a ciência e a geografia, entre outras linguagens. No GPI- Grupo de Pesquisa Interdisciplinar- lançaram-se à investigação das árvores que compõem o principal parque da cidade de São Caetano do Sul, envolvendo-se em tarefas de minuciosa pesquisa, registro e tratamento das informações.

 Foto: Estadão

Para tanto, fizeram inúmeras visitas ao parque, orientados por uma equipe de quatro professores, que com eles planejaram todas as etapas do projeto.

Em oito grupos, tiveram como problema mapear o parque, de forma a oferecer à cidade informações mais precisas sobre este espaço público. Na pesquisa de algumas árvores, descobriram muito da história do lugar e puderam aprender muito mais do que estava previsto no currículo da série. Além de conceitos de botânica e de cartografia, desenvolveram procedimentos de pesquisa, dividiram tarefas, avaliaram suas equipes, definiram prazos, articularam diferentes informações, elaboraram registros, compartilharam informações, enfim, desenvolveram saberes que somente no interior de um projeto de trabalho teriam oportunidade de fazê-los.

 Foto: Estadão

Os registros desses alunos revelam hoje este percurso de estudo que extrapolou as fronteiras dos programas escolares cercados de conceitos e carentes de oportunidades de aprendizagem da tarefa de ser estudante.

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No 5º ano, o GPI abriu novas fronteiras ao ato de aprender, integrando escola e cidade e permitindo que as crianças aprendessem a ser pesquisadores. Como um exemplo dos muitos projetos desenvolvidos na Villare, representa um caminho em que a relação entre os diferentes tipos de conhecimento é preservada, garantindo ao aluno o domínio de saberes que vão muito além das conhecidas listas de conceitos a dominar.

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Sabemos que o mundo atual exige muito mais do que conhecimento especializado. É preciso que os alunos desde já desenvolvam hábitos e atitudes que os preparem a dominar técnicas que ainda estejam por ser inventadas. Tal tarefa exige que os professores situem suas ações didáticas confrontando os alunos com problemas inesperados e os instiguem a buscar soluções, responsabilizando-se por seu percurso de aprendizagem contínua.

É necessário que criemos uma cultura escolar que una conhecimento, pensamento, ação e contextos de aprendizagem. Para tanto, é preciso que a escola seja um lugar de construção de sentidos, lugar em que se aprenda a aprender.

Ligia Colonhesi BerenguelVice-direção Pedagógica

 

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  1. NOGUEROL, Artur. Aprender na escola- técnicas de estudo e aprendizagem. Ed. Artmed

 

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