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Sistemas arcaicos e ensino superior

Estou no segundo ano da graduação em Física na USP e, por algum tempo, trabalhei como plantonista em um colégio de excelência em São Paulo. Nessa experiência pude notar muitos aspectos interessantes sobre a vida dos estudantes sob um ponto de vista que jamais tive: o de educador.

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Por Redação
Atualização:

Não tive atuação em áreas que fugiam do meu entendimento - apenas lidei com a área de Exatas - mas pude compreender o porquê de muitos estudantes prestarem um vestibular concorrido e não saberem responder a questões triviais sobre os conteúdos exigidos. O fato é que não importa o nível de excelência do colégio (e aqui estou falando de uma unidade de alto nível), o ensino médio deixa a desejar, pois os professores sempre expõem o conteúdo de maneira genérica e com grande apelo ao "decorar", sem se importar com o que o aluno entendeu daquele assunto.

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Esse aspecto é muito claro em nossa sociedade atual. Numa conversa com um amigo, estudante da graduação em Biologia, perguntei para ele como é a vida de um estudante de Biologia, que tem tantos nomes e processos a decorar. Sua resposta foi certeira: "Não há nada para se decorar, isso é papo de colégio. Na graduação, a ideia é entender."

Mas por que então propor esse método de ensino? Acho que o principal problema chama-se vestibular: um sistema de avaliação arcaico e falho, que prioriza a decoreba, para que o aluno tenha tempo suficiente para entender, e que determina muito mais quem está psicologicamente apto para o exame do que quem está mais apto ao ingresso no ensino superior.

A questão aqui não é propor uma revolução no ensino do Brasil, e sim abrir a cabeça dos estudantes sobre o meio pelo qual eles estão aprendendo. O sistema não mudará. O vestibular continuará existindo. Entretanto, se cada um fizer sua parte e tentar aprender o conteúdo em vez de decorá-lo, todos poderão ter sucesso nas provas e, ainda asim, conviver com o tão temido vestibular de forma mais segura e saudável.

Wilhelm Kroskinsque é aluno da graduação em Física na USP

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