Gramática versus poesia

Sempre que exponho um tema aqui no blog, embora manifeste claramente meu posicionamento, procuro contrapô-lo. Hoje, especialmente, ignorarei toda e qualquer técnica de ressalva, pois defenderei algo em que realmente acredito. Dada a introdução, lhes pergunto: por qual motivo a poesia é tão subjugada pela educação nos dias de hoje?

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Por Redação
Atualização:

Desde cedo, por meio da gramática, dá-se ênfase ao ensino da norma culta escrita da língua portuguesa em detrimento de qualquer outro assunto que envolva verdadeiras relações de sentido. Na minha opinião, embora seja necessário, aprender a diferença entre ditongo e hiato é menos importante do que estudar poesia ou variações linguísticas. E, infelizmente, um outro hiato - cometido pelos professores - impossibilita o aprendizado do primeiro.

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Com tristeza, anuncio que quebrarei o combinado. Existe uma ilustre ressalva que não posso deixar de mencionar, serve até de alento à poesia: eles fazem poemas dadaístas.

Mais triste ainda é o modo como o jovem chega ao ensino médio. Escorado em um ensino de gramática fraco e traumatizante e com pouca afeição à literatura, encontra um vestibular diferente, de cara nova. Enquanto o sistema escolar público se mostra obsoleto, o vestibular, em contrapartida, se moderniza. Um dos livros da lista, por exemplo, é a Antologia Poética de Vinícius de Moraes. Como um jovem que nunca teve contato com poesia conseguirá lidar com esse desafio?

Por causa de gramáticos atrasados, como Sérgio Nogueira, que criticou ferozmente o livro do MEC, a educação de língua portuguesa permanece imóvel, resultando em um "caminho nem um pouco suave". Ainda existem pessoas que acreditam na existência do falar certo ou errado. O que existe é adequação ou não do discurso, respeitando assim as variações da língua. Outro exemplo da ignorância das nossas elites foi um texto publicado por José Sarney na Folha de S. Paulo, no qual esse honorável senhor demonstra seu conservadorismo.

Um dia, uma rosa há de nascer no asfalto.

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