Frustrações, incertezas e um ano novinho em folha

Os últimos dias de 2010 foram de reflexão. E também de estudo. Não fiquei tão feliz com a aprovação na Fuvest, pois não era o que eu desejava. Mas, mesmo assim, fui até o final da segunda fase.

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Por Redação
Atualização:

Não senti alívio nenhum. Pelo contrário: as responsabilidades aumentaram esse ano. Não passei na Unicamp por míseros 4 pontos...Que injustiça! Queria ter feito aquela prova com a mesma calma com a qual eu fiz a Fuvest... Maldita ansiedade!

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Apesar de tudo, não me sinto derrotada. Olhando para trás - as escolas em que estudei, os professores que tive (e também os que eu não tive) -, conquistei muito estudando por conta própria. Eu não pensava em vestibular até terminar o 3º ano do ensino médio. Com tanta gente me falando que era impossível, eu acabava acreditando. Mas atingi um bom nível nas redações, no inglês (que estudo há cinco anos), e nas ciências humanas. De certa forma, venci a autoexclusão.

Resta-me esperar os resultados do Enem e da Fuvest, descansar um pouco para, enfim, voltar à luta novamente. Termino este post com um poema do Ferreira Gullar que leio desde 2009, quando prestava vestibular pela primeira vez:

Roberto Parreiras desapareceu de casa. Trajava calças cinza e camisa branca e tinha dezesseis anos. Parecia com o teu filho, teu irmão, teu sobrinho, parecia com o filho do vizinho mas não era. Era Paulo Roberto Parreiras que não passou no vestibular.

Recebeu a notícia quinta-feira à tarde, ficou tarde e sumiu. De vergonha? de raiva? Paulo Roberto estudou dura duramente durante os últimos meses. Deixou de lado os discos, o cinema, até a namoradinha ficou dias sem vê-lo. Nem soube do carnaval. Se ele fez bem ou mal não sei: queria passar no vestibular. Não passou. Não basta estudar?

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Paulo Roberto Parreiras a quem nunca vi mais gordo, onde quer que você esteja fique certo de que estamos de seu lado. Sei que isso é muito pouco Para quem estudou tanto e não foi classificado (pois não há mais excedentes), mas é o que lhe posso oferecer: minha palavra de amigo desconhecido. Nesta mesma quinta-feira Em Nova York morreu um menino de treze anos que tomava entorpecentes. Em S. Paulo, outro garoto foi preso roubando um carro. ou surgem como cometas ardendo em sangue, nestas noites, nestas tardes, nestes dias amargos.

Não sei pra onde você foi nem o que pretende fazer bem posso dizer que volte para casa, estude (mais?) e tente outra vez. Não tenho nenhum poder, nada posso assegurar. Tudo que posso dizer-lhe é que a gente não foge da vida, é que não adianta fugir. Nem adianta endoidar. é que você tem o direito de estudar. É justa a sua revolta: seu outro vestibular.

Bianca estudou por conta própria para entrar em Letras

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