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Santa esquenta e reflete com debate

Por Felipe Mortara

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Por Redação
Atualização:

Uma legião de meninas com piercing de argola no nariz e meninos com cabelos cuidadosamente grandes e desarrumados se esparramavam pelas poltronas do teatro Santa Cruz na tarde desta sexta-feira. Não era para assistir a nenhuma palestra entediante.

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Estavam ali, assim como ex-alunos e pais, para assistir ao debate De Olho no Voto. Cerca de 400 pessoas escutaram e interagiram com uma entusiasmada argumentação entre representantes dos quatro principais partidos na disputa pela presidência da República.

O debate teve filho e neto de candidato. No palco, Plínio de Arruda Sampaio Junior defendeu o PSOL, seu pai e o socialismo com aguçada ironia. Na plateia, o aluno do 3ºano do Santa, João Sampaio disse que ainda acha curioso ver o avô no horário eleitoral. "Sinto muito orgulho dele, mas fico me perguntando se as pessoas conseguem vê-lo como eu vejo. Dizem que ele está muito velho para ser governante, mas ele fica muito mais vivo em época de campanha do que em períodos mais calmos."

A novidade é que neste ano o evento foi inteiramente organizado pelos alunos do 2º e 3º do ensino médio, por meio do grêmio. E, dentro do que se propunha, foi considerado um sucesso tanto pelos estudantes como pela direção.

 

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Estudantes e pais durante debate no teatro Santa Cruz  Foto: Estadão

 

"Ficamos surpresos ao ver o teatro praticamente lotado, não esperávamos que tanta gente fosse se mobilizar. Esperávamos uma maior troca de pontos de vista sobre ideologia, explicar melhor as ideias dos partidos. Mas mesmo se transformando num leve embate de campanha achei muito positivo", disse Marcelo Hotimski, de 16 anos, membro do grêmio e um dos componentes da mesa mediadora.

No palco estavam, além de Plinio Jr., Edsom Ortega, do PSDB, secretário de Segurança Urbana da cidade de São Paulo, e Alexandre Youssef, candidato a deputado federal pelo PV, que apresentou os verdes projetos de Marina Silva. Coube a Breno Cortela, candidato a deputado estadual pelo PT, defender as realizações do governo Lula.

 Maria Cecília Burgos, de 16 anos, a disputa foi boa, mas os debatedores perderam a mão na hora de tentar usar uma linguagem jovem. "De um modo geral achei interessante, mas ficou meio infantilizado, já que eles não tiveram limites para ironias e deboches. Fiquei meio incomodada com o Alexandre Youssef, que tuitava incessantemente e não escutava o que os outros diziam", reclamou.

O diálogo foi marcado por tiradas inusitadas, críticas mais afiadas aos governos estadual e federal, e leves acusações que não chegaram a desestabilizar a troca de ideias. "Achei bom, mas houve alguns momentos meio 'palhacinhos' dos debatedores, estimulado por alguns risos da plateia", afirmou João Azambuja, de 16 anos.

Mediando o debate com certa irreverência, dosada com seriedade, estavam João Batista Cruz, membro do grêmio, e o professor de história e sociologia Marco Cabral, incumbidos de soar um sino para limitar as réplicas. "Espero que o debate não termine aqui e se estenda pela internet atrás de mais respostas."

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crédito da foto: Felipe Mortara

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