De acordo com Nelson Dutra, professor do cursinho Objetivo, a prova foi "modelar". "Os enunciados e os questionamentos levantados reforçam a ideia de que saber ler não é apenas compreender o texto ali escrito, mas ler também o mundo e entender tudo que está a sua volta", afirma o professor.
"Esse exame avalia se o aluno tem competência linguística tanto para um bom desempenho na vida acadêmica, como para o exercício da profissão", completa Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Anglo.
Savioli define a avaliação como uma prova essencialmente de leitura de textos. "Os enunciados questionam não só o que diz o texto, mas sobretudo quais manobras foram feitas para que ele produza determinado sentido", afirma. "Em linhas gerais, foi uma prova focada na decifração de sentidos linguísticos", diz.
O tema da redação, que exigiu uma discussão e uma análise da visão de mundo tomando como ponto de partida o consumismo, foi visto como uma faca de dois gumes por alguns professores. "É um tema aparentemente simples, mas que apresenta certa dificuldade por trazer algo à tona uma discussão que normalmente é evitada pela juventude", afirma André Valente, do Cursinho da Poli. "Muitos estudantes podem, por exemplo, não ter enxergado a crítica que ali existia por viverem sob a ilusão de que poder comprar o mundo com o cartão de crédito é o máximo", diz.
Para o coordenador pedagógico do cursinho Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, a falta de uma coletânea de apoio pode ter dificultado o desenvolvimento da dissertação de alguns alunos. "Mesmo tratando-se de um tema aparentemente mais fácil, mais corriqueiro e inclusive mais próximo da vida dos estudantes, essa abertura exigiu do aluno um recorte próprio", diz. Para o coordenador, a amplitude do tema pode ter elevado a chance dos candidatos terem escrito uma redação superficial e com argumentos soltos.
Héric José Palos, coordenador de português do cursinho Etapa, a redação foi a parte mais simples da prova. "Ela chegou até a destoar do grau de dificuldade geral para parte dissertativa", afirma. Isso porque Palos achou que as questões, mesmo que muito bem redigidas, estavam "densas" e exigiram dos alunos uma reflexão para além dos enunciados para o alcance das respostas.