Natal de muita neve

* Por Lillian Vilas Boas, de 15 anos. Cursa o ensino médio em Salvador (Bahia) e faz intercâmbio na Finlândia desde agosto pela AFS Intercultura Brasil

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Por Redação
Atualização:

Desde que cheguei aqui identifiquei as três frases preferidas dos finlandeses para um intercambista: "Por que a Finlândia?!" (a pergunta sem resposta), "Se você acha isso frio, prepare-se para o inverno!" e "Ah, o Natal, espere o nosso Natal e verá a real beleza finlandesa!". Então posso dizer que já esperava ansiosamente por um maravilhoso dezembro, frio e encantado pelo espírito natalino.

Me enganei. Dezembro chegou e a escuridão ainda tomava conta até mesmo do dia. Falava com as pessoas e o assunto era, na maioria das vezes, como o inverno do ano passado foi rígido e cheio de dias de neve ensolarados e como este ano estava sendo uma decepção. "Cadê a neve?!" era uma reclamação que já não aguentava mais ouvir, portanto passei a repetir!

Mas tudo mudou na véspera da independência do país (6 de dezembro). Estava conversando com a minha mãe hospedeira sobre como todos estavam mal-humorados com a estação escura. A verdade é que a falta de sol interfere no humor e ela disse que a neve clareia os dias, e essa claridade reflete inexplicavelmente nas pessoas. Ela sugeriu, então, que aproveitássemos um pouco do resto de um raro dia de sol e fôssemos caminhar. Coloquei meu casaco, e quando me virei para porta, eu vi, caindo suavemente, a neve pela primeira vez. Minha reação foi tão eufórica que minha mãe veio conferir se estava tudo bem comigo. E com pouco tempo comprovei que, sim, a neve faz toda a diferença.

A partir daí o espírito do Natal tomou conta de todos. Ele estava mais próximo do que nunca, e com a nevasca que encheu tudo de neve e tantas luzinhas não pude resistir à felicidade mais natural que já vivenciei. Tivemos algumas oscilações na quantidade de neve, e não tivemos um frio de verdade (acredite, variar de -9.º para 0.º centígrados promove um calor muito confortável aqui), mas desde que tenhamos um pouquinho de neve nos cantos, a alegria e a ideia de que o Papai Noel vai te presentear continuam!

Agora posso dizer que a Finlândia faz jus ao título de terra do Natal. A maior diferença não está no Natal que se vê, mas no que se sente. É perceptível como as pessoas tentam ser o melhor de si só para o Natal, e elas tentam deixar tudo em volta tão bem quanto elas se sentem (pela primeira vez, desses quase 5 meses aqui, arrumamos a casa!).

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Então, desejo a vocês um feliz Natal atrasado, e tenham a certeza de que vou levar comigo esse grande e incrível espírito natalino para espalhar para cada família quando voltar ao Brasil.

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