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Os desafios da escola

Por Raphael Gnipper
Atualização:
Professor Sergião em aula de Biologia para o 3º EM / Foto: Luís Broleze

Por Emanuel Rodrigues

O valor da educação na vida de um ser humano é inquestionável!

Mais do que alfabetizar e instruir, a escola tem a função de formar o cidadão para o mundo.

Entretanto, o principal dever dessa instituição é ensinar.

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Esse verbo, tão repetido, é, geralmente, ignorado na sua etimologia.

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Sua origem é latina e significa ação de marcar, deixar sinais, marcar o aluno na alma, por dentro.

Quem é que não se recorda de um belo ensinamento transmitido por um professor, ou professora notável, que serviu de estímulo para a profissão escolhida, ou funcionou como um apoio emocional em horas de dificuldades? Ou, ainda, uma corrigenda franca e segura?

Pois bem, a escola tem este condão: o de marcar para sempre o aluno!

Nesse ponto, apresenta-se uma contradição: Já que a escola é tão importante e com funções tão nobres, por que, muitas vezes, os alunos não gostam dela?

Não gostam porque o papel da escola é, também, apresentar limites, fazer assumir responsabilidades.

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É na escola que o indivíduo aprende as primeiras noções de convivência social amplificada. Regras, horários, provas, desafios, civilidade, cortesia, gentileza, polidez...

Contudo, a escola é coadjuvante nesse processo e pouco conseguirá se não houver o apoio da família.

Pais desconectados da metodologia educativa não apoiam as escolas nas regras e/ou disciplinas visando a ordem e o equilíbrio comportamental para uma prática pedagógica de sucesso.

Pais inseguros, normalmente, geram filhos inseguros.

Pais autoritários tendem formar filhos rebeldes.

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Pais indisciplinados podem gerar filhos desequilibrados.

Frequentemente, recolhemos das salas de Orientação Pedagógica, de diversas escolas, casos curiosos nos quais a família vê a Instituição como inimiga, os Professores como tiranos e a equipe de Coordenadores e Orientadores como carrascos terríveis cujo único objetivo é perseguir os alunos. Muitos estudantes contam apenas a própria versão dos fatos, desconsiderando o todo. Pais sensatos procuram escutar também a escola, considerando os profissionais habilitados para essa função.

Comumente, numa situação de conflito escolar, a frase mais ouvida dos pais é esta: "esse não é meu filho, eu não o eduquei assim". E estão certos! Esquecem, porém, de que nossas crianças, quando reunidas, desenvolvem uma personalidade de grupo. Conosco, na ambiência doméstica, apresentam um comportamento adequado aos princípios de casa, mas, quando estão com outros 25 ou 30, frequentemente, desejam manifestar-se de modo a chamar atenção, menosprezando os valores que aprenderam no lar. Compreensível para a fase psicológica que lhes caracterizam, mas não admissível para sua conduta acadêmica, necessitando de imediata orientação. Alegria e descontração não dispensam compostura!

Educar dá trabalho, sim! Tanto para a Escola como para a família. E é importante que seja dessa maneira, porque o trabalho constrói, gera conflitos naturais e edifica o indivíduo.

À Escola compete apresentar profissionais capacitados, aulas didáticas e atrativas, além de regras lógicas e claras que normatizem e facilitem a convivência.

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A solução para a "contradição da escola", talvez, seja a valorização do processo educativo institucional e familiar: Estimular no estudante o apreço à Unidade de Ensino e seus profissionais; resgatar o respeito que todo Professor merece; trazer o ambiente escolar e o conteúdo aprendido durante as aulas para a mesa de jantar, para o diálogo em família. Com isso, os pais terão real noção da vida acadêmica do aluno, podendo avaliar a instituição de ensino e cooperar com a função da escola, que em outras palavras é: o eterno ofício de esculpir a humanidade no homem.

E quando, apesar de todos os esforços para transformar a educação em algo prazeroso, nossos filhos reclamarem, justa, ou injustamente, desse processo, apelemos para Aristóteles: A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces!

 Foto: Estadão

Emanuel Rodrigues é filósofo, professor e coordenador do Ensino Fundamental do Colégio Oficina do Estudante.

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