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O que é preciso saber sobre o 2º Reinado?

 

Por Oficina do Estudante
Atualização:

A coroação de Pedro II (Manuel de Araújo Porto-Alegre/Museu Histórico Nacional/Wikimedia Commons) Foto: Estadão

Por Malú DamázioGuia do Estudante

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O Segundo Reinado no Brasil é um dos temas que mais aparecem na prova de Ciências Humanas do Enem. Conforme o professor de História Célio Tasinafo, professor do Colégio Oficina do Estudante, dentro do assunto, o exame aborda, principalmente, a escravidão, a abolição deste tipo de trabalho no país e a vinda de europeus para substituir a mão de obra escrava. Ele ainda acrescenta que os aspectos políticos do contexto histórico não são comuns na prova.

"A matriz curricular do Enem traz muito a questão da diversidade étnica e cultural. Nisso, o processo de imigração tem destaque, principalmente a partir de 1870, com os italianos. Os aspectos sociais e culturais do trabalho escravo também estão fortemente presentes", diz.

Além dos textos de referência, o exame também aborda o período em questões que exigem do candidato habilidades de interpretação de gráficos e de tabelas. Podem haver exercícios que mostrem mapas de tráfico interprovincial de escravos ou de localização de quilombos. O Segundo Reinado pode também ser tratado em perguntas interdisciplinares, conforme o professor.

"O aluno pode encontrar questões que misturem História com Literatura, como, por exemplo, trazendo a figura da escrava quitandeira Bertoleza, do livro O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Assim, o Enem consegue mobilizar conhecimento de duas áreas", reforça Célio.

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Escravidão

O uso da força motriz escrava pode aparecer sob diversas óticas no Enem. Dentre os assuntos mais comuns, Célio destaca as questões que trazem textos de referências culturais, como a capoeira, e também que mostrem como se deu o processo de abolição a partir da perspectiva dos próprios africanos e dos descendentes. O aluno também pode ser perguntado sobre a formação de importantes quilombos, como o do Leblon, no Rio de Janeiro, que tinha como símbolo as camélias.

O professor lembra que as referências bibliográficas utilizadas pelo exame não são diferentes das que os estudantes veem em sala de aula. "Os autores e os textos que o Enem gosta de colocar são muito próximos aos que os alunos encontram nas próprias leituras complementares dos livros didáticos", explica.

A atuação dos curadores de escravos, que os representavam judicialmente no processo de alforria, após a Lei do Ventre Livre, de 1971, também é outro tema que pode ser tratado pela prova. A abolição traz ainda outra questão, como destaca Célio: "ela veio com uma falta de direitos, já que não foi criada qualquer legislação para os ex-escravos. Por isso, é um assunto recorrente".

Imigração

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A imigração de europeus e asiáticos para o Brasil foi um contraponto utilizado durante o Império à mão de obra escrava. Com a abolição, os imigrantes chegaram ao país para substituir a força motriz adotada anteriormente. Nesse contexto, Célio destaca que o exame traz as parceiras do senador Nicolau Vergueiro, firmadas em 1840, para estimular a vinda de estrangeiros para as terras tupiniquins.

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"Os imigrantes chegavam aqui com um acordo de que parte da produção ficaria com eles, e a outra parcela com o dono das terras. Mas isso resultava em um endividamento, a parceria não dava certo", explica. O emprego da mão de obra estrangeira era financiado pelos governos das províncias, e motivou a formação de novas fazendas no norte paulista, por exemplo.

O professor afirma que as questões do Enem podem mostrar quadros estatísticos comparando o ingresso dos imigrantes nas fazendas e o declínio do preço dos escravos, a partir de 1880. Os textos-base também são recursos vastamente utilizados pelo exame.

"O candidato deve procurar ler as provas anteriores, além de pesquisar textos de autores da época, como Joaquim Nabuco, André Rebouças e Luís Gama. Quanto mais, melhor. Não são escritos difíceis. Além disso, há historiadores contemporâneos, como Sidney Chalhoub e João José Reis que também são utilizados nos exercícios de Ciências Humanas", diz.

Outros vestibulares

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Ao contrário do Enem, as questões políticas podem ser centrais nas provas de História que exigem do aluno conhecimento sobre o Segundo Reinado. Nos vestibulares tradicionais, o candidato deve ter domínio dos partidos políticos do Império, o conservador e o liberal, e também são perguntados quanto ao poder moderador concedido ao monarca através da Constituição de 1824, outorgada por Dom Pedro I, mas vigente durante todo o período em que o Brasil foi governado pela Família Real portuguesa.

O estudante pode encontrar também a Guerra do Paraguai e o movimento republicano, que resultou na fundação do Partido Republicano Paulista, em 1873. Nessas questões, o professor lembra que é comum que o exame aborde o tema através de textos e publicações da imprensa da época, como do jornal carioca Gazeta de Notícias.

Gabarito das questões Enem 2010 - 1ª aplicação (questão 23): B Enem 2010 - 2ª aplicação (questão 23): B Enem 2010 - 2ª aplicação (questão 21): B Enem 2015 (questão 23): E Enem 2016 (questão 21): B

 Foto: Estadão
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