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Breve história de uma memória em construção: a implementação do Centro de Memória da LC

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Por Escola Lourenço Castanho
Atualização:

"Uma história de vida não é feita para ser arquivada ou guardada numa gaveta como coisa,mas existe para transformar a cidade onde ela floresceu." Ecléa Bosi

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A epígrafe deste texto, ainda que relacionada às histórias de vida, pode ser lida como expressão de um dos nossos principais objetivos na construção do Centro de Memória da Escola Lourenço Castanho: recuperar, organizar e preservar documentos relacionados à memória e à história da escola para que, ao mesmo tempo, essa memória "ganhe vida" e ajude a transformar a própria instituição em que ela floresceu.

Ao contrário do que se pensa muitas vezes, o papel do Centro de Memória não é arquivar ou "guardar em uma gaveta" documentos antigos da escola, "daqueles que não servem mais para muita coisa". A importância do Centro de Memória é preservar e dar vida a esses documentos, colocando-os em circulação, apresentando-os à comunidade escolar, publicizando-os e colaborando, com isso, com a própria escrita da história da escola. Quais eram as práticas pedagógicas do passado? Como estavam organizadas as salas de aula? Quais eram as propostas de alfabetização de outros tempos e como elas se transformaram? Quem eram os pensadores mais lidos pela escola, quais eram os referenciais teóricos? Como se ensinava Matemática, Português, Música e tantos outros componentes nas séries iniciais do Ensino Fundamental 1? Quais foram as primeiras saídas de estudo de campo promovidas pela escola no Ensino Fundamental 2 e como elas estavam articuladas ao dia a dia da sala de aula? Como eram escritos os planejamentos dos cursos nos anos 1970 ou 1980? Como era visto o papel do aluno na sala de aula há 20 ou 30 anos? Como estava organizada a Orientação Educacional na escola desde os anos iniciais da Educação Infantil? Como a escola lidou com os desafios da formação dos jovens e a sua preparação para os exames externos depois que abriu o Ensino Médio? Como a escola foi crescendo, ampliando os seus horizontes e inaugurando novos ciclos? O que mudou e o que permaneceu na Lourenço Castanho ao longo dos últimos 50 anos? Essas são algumas das perguntas que o Centro de Memória pode nos ajudar a responder e que nos levam a importantes reflexões acerca da prática em sala de aula e de como ela vem se transformando, além de nos contar um pouco da história da instituição, o que contribui para entender melhor o seu percurso, a sua trajetória, as suas marcas e os seus desafios e cenários para o futuro. A ideia é fazer do Centro de Memória um espaço aberto à visitação e à consulta de documentos e materiais por parte de toda a comunidade escolar, para que o próprio CM se constitua em um espaço de pesquisa, reflexão e debate sobre a história da escola, sobre a história da educação e sobre a história das práticas pedagógicas na escola. Além disso, está nos nossos planos transformar os alunos em "pequenos pesquisadores" da história da escola, colocando-os em contato com esses materiais, levando-os a conhecer a Lourenço em diferentes tempos e contextos.

A sugestão de criarmos o Centro de Memória da Escola Lourenço Castanho veio no ano de 2010, quando tiveram início as conversas que nos levaram à renovação da proposta curricular. A assessora Maria del Carmen G. Chude nos perguntava sobre outras mudanças curriculares que teriam ocorrido ao longo da história da escola. No entanto, essas informações estavam dispersas e muito dependentes de algumas conversas, principalmente com as quatro sócias. A partir dessa provocação, formou-se na escola uma equipe responsável pela construção do CM. Com o auxílio de uma consultoria realizada pela Profa. Márcia Pazin, essa equipe vem trabalhando desde 2011 na implementação do CM da escola. Recolhemos, catalogamos e arquivamos adequadamente documentos espalhados pelos diferentes prédios da escola, demos início à digitalização de alguns deles, construímos um banco de dados online com uma plataforma para pesquisa, gravamos depoimentos para o Programa de História Oral, instituímos uma política de recolhimento dos materiais que estão sendo produzidos no tempo presente para que as próximas gerações possam conhecer o trabalho feito hoje. Outros fatores também contribuíram para fortalecer a ideia de criar um Centro de Memória: o afastamento das sócias da gestão mais cotidiana da escola trouxe a necessidade de evitar que essas memórias se perdessem ou permanecessem dispersas (daí, por exemplo, o convite feito às quatro sócias para darem os seus depoimentos ao já mencionado Programa de História Oral). Além disso, os 50 anos da escola se aproximavam e seria essencial preparar o CM para que ele pudesse fazer parte das comemorações. Em meio a tantas mudanças da instituição, nos pareceu imprescindível resgatar um pouco das permanências da escola para compreender as suas marcas e características fundamentais, olhando tanto para o que mudou quanto para o que permanece. É esse lugar de pesquisa, investigação e reflexão que o Centro de Memória vem ocupando na escola, e é dessa história que convidamos toda a comunidade escolar a participar.

Por Eduardo Chammas.

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