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Blog dos Colégios

Ei você, que vira um CABIDE quando pega as crianças na escola...

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Por Escola da Vila
Atualização:

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Muitas vezes sou eu quem pega a mochila do João, e a lancheira, ele nem pede, eu ofereço, eu pego mesmo sem ele me pedir. Que mais que eu tenho carregado que não seja da minha alçada, hein?

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(De uma "mãe cabide" arrependida.)

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Há alguns bons anos, professoras da Educação Infantil escreveram sobre um fenômeno curioso, uma transformação sobre a qual precisamos refletir: os familiares cabide. Os anos passam e precisamos reeditar algumas de nossas preocupações com mensagens cotidianas, que passamos às crianças sem mesmo considerá-las situações cheias de sentido e aprendizagens importantíssimas para a vida e, consequentemente, para a vida na escola. Uma delas diz respeito aos cuidados com os próprios pertences, a atenção e o olhar para aquilo que é pessoal, que eu carrego e, portanto, sobre o qual tenho responsabilidade.

Principalmente nas turmas dos pequenos, é frequente vermos os responsáveis, tão logo ouvem o sinal, se dirigirem para a porta, ansiando pelo reencontro com a criança. Quando o pai, a mãe ou o responsável por buscar uma criança chega à escola, esta já sabe o que fazer: dirige-se ao seu cabide, coloca a mochila nas costas e, com a lancheira em mãos, segue ao encontro daquele que o levará para casa.

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Esse é o ritual da hora da saída pelo qual passamos, todos os dias, na Educação Infantil. No entanto, no momento em que os dois pés das crianças já estão do lado de fora é que acontece a transformação. Como num passe de mágica, aquela mochila e lancheira, tão bem confeccionadas para o corpo de uma criança, estão no chão, largadas, e a criança sumiu. No próximo passo, como que para terminar o número, o responsável pela criança transforma-se num cabide e sai carregando as coisas do pequeno.

Com muita frequência, temos uma atitude antagônica, reconhecida pelas crianças certamente: de um lado ela pendura e cuida de seus materiais em sala, leva e traz a lancheira de piqueniques realizados na escola, sabe que pode dar conta de seus pertences feitos para isso, mas o mundo adulto manda aquela mensagem equivocada: Você não precisa cuidar do que é seu. Vá em frente e divirta-se, que eu faço o resto! Acho que não é isso o que queremos, certo?

Nada contra dar uma mãozinha aos pequenos, dividir o peso numa hora de cansaço, oferecer ajuda como opção. Mas, temos de saber quando isso se transforma em algo que, além de não educar corretamente, desresponsabiliza e contribui para a criança não aprender cotidianamente que precisamos cuidar do que é nosso, e parte disso se traduz em levar embora nossas coisas.

Entender, por meio das ajudas e mensagens dos pais, que se trata de "quebrar um galho", de dividir a responsabilidade ao prestar uma ajuda solidária, e não de uma obrigação do adulto, compulsória por ser pai ou mãe, constitui uma forte experiência de responsabilidade, de que, mesmo pequeno, cada um já é forte o bastante para arcar com suas responsabilidades, mesmo que pareçam pequenas ou aparentemente insignificantes (o que não existe quando falamos sobre educar!).

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