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Como conversar sobre drogas com seu filho

Por Equipe See-Saw Panamby
Atualização:

Por Cesar Pazinatto

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No dia 18 de agosto, o Supremo Tribunal Federal iniciou o julgamento que pode descriminalizar o porte de drogas no Brasil.  Por enquanto, o placar é de 3 a 0 a favor do que muitos já chamam de "liberação da maconha". O recurso foi apresentado ao STF em 2011 por conta de um flagrante da erva em um centro de detenção provisória de Diadema (SP).

Especialistas em saúde pública defendem que a decisão favorável seria um desastre para a sociedade. Para ativistas da liberação das drogas, um progresso há muito esperado. Independentemente do que aconteça, a pergunta é: Como conversar sobre drogas com seu filho?

Em mais de duas décadas de atuação como educador pude perceber que esta é uma das questões mais aflige pais e mães, principalmente quando os filhos são adolescentes. Com base nessa experiência reúno algumas orientações aos pais neste processo.

Prepare-se para a conversaAntes de qualquer coisa, tenha em mente que quando o assunto é drogas, os pais nunca são a única fonte de informação. Portanto, a melhor coisa é informar-se bem sobre o tema (porque seu filho, com certeza, já o fez). Procure fontes seguras e confiáveis para não perder a oportunidade quando ela aparecer.

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Quando conversarNormalmente não funciona muito bem marcar dia e hora para essa conversa. Tornar esse tipo de bate-papo uma solenidade só faz com que o jovem se coloque na defensiva e fale apenas o que gostaríamos de ouvir.

Pequenos momentos que surgem a partir de uma imagem, de um filme, novela e até mesmo de uma história familiar ajudam a entrar no assunto de maneira mais natural e produtiva.

Conversas muito longas devem ser evitadas. A medida deve ser sempre o nível de interesse ou curiosidade do adolescente. Procure avaliar o comportamento para sentir o nível de interesse: ele ainda está fazendo perguntas e trocando ideias ou está com cara de paisagem? Esse tipo de pergunta você deve se fazer durante a conversa com seu filho.

Abordagem por faixa etáriaAs abordagens devem estar adaptadas às faixas etárias, mesmo sabendo que hoje o acesso à informação é muito grande e desde muito cedo as crianças e adolescentes ouvem falar sobre drogas:

Até os 10 anos, a criança se contenta com explicações mais superficiais. Pelo nível de concentração (ainda pequeno) e vivência (observação dos familiares com drogas legais, em geral), os papos devem ser curtos e voltados mais às bebidas alcoólicas e tabaco. Perguntas eventuais sobre outras drogas devem ser respondidas, mas sem grandes discursos. Depois disso é importante ter condições de se aprofundar um pouco mais.

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Acima dos 13 anos, possivelmente você estará conversando com quem já "visitou" a ideia da experimentação ou até já teve as primeiras experiências com drogas, principalmente álcool e tabaco.

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Uma pesquisa recente do IBGE (Pense 2012) mostra que metade dos jovens matriculados no 9º ano já havia experimentado algum tipo de bebida alcoólica, pouco menos que um quarto desse mesmo grupo já havia experimentado tabaco e 7% drogas ilegais, como maconha.

Falas alarmistas não assustamNão entre em pânico. Evite falas alarmistas precedidas de algum caso "clássico" do jovem que experimentou uma vez e foi usando mais até ficar largado na rua como um zumbi, preso ou internado em uma clínica de recuperação.

O motivo é simples: elas não espelham a realidade geral e nem são tão eficientes para prevenir o uso como já se imaginou em décadas passadas. Além disso, é possível que entre os amigos de seu filho já existam usuários ocasionais.

Quando ele confronta seu discurso "assustador" com evidências não tão pavorosas assim, a desconfiança se instala. É bom saber que experimentação não costuma significar caminho sem volta para a dependência de drogas. Apenas uma minoria vai enfrentar problemas sérios.

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Nível de incidênciaAtualmente boas estratégias de prevenção questionam a visão superestimada de consumo que os jovens costumam ter. Não, não é verdade que "todo mundo bebe". Os pais precisam saber que sim, há uma quantidade significativa de jovens que usam drogas, mas na conversa com os filhos o que se deve debater são os altos níveis de não consumo.

Desta forma, a grande maioria dos jovens não usa frequentemente (no caso do álcool) e relativamente poucos experimentaram (no caso da maconha).

Essa maneira de enquadrar a questão será útil para o jovem, que tem a tendência de achar que deve repetir as regras do grupo ao qual pertence ou quer pertencer. Há atualmente vários estudos brasileiros que pesquisam a incidência de consumo entre os adolescentes, divulgados amplamente.

Exemplo e canal abertoPor fim, esteja atento ao exemplo. O adolescente é muito sensível ao que vê nos pais, tanto em termos de comportamento como nos valores e princípios. Diálogo é fundamental. Tão importante quanto procurar os filhos para conversas eventuais é manter um canal constantemente aberto para eles se aproximarem e, finalmente, o carinho complementa uma boa estratégia para abordar com seu filho as consequências do uso e abuso de drogas.

Cesar Pazinatto é diretor geral da Escola Bilíngue See-Saw Panamby. Atua há mais de 20 anoscomo educador e especialista  em prevenção ao uso de drogas em escolas.Em parceria com a DraIlana Pinsky e a educadora Estela Zanini, escreveu Álcool e drogas na adolescência: umguia para os pais e professores.

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