Quanto pesa o conhecimento? Onde ele está?
Na fase escolar, inevitavelmente, as crianças e os adolescentes têm suas mochilas para carregar seu material escolar e, invariavelmente, pais ou responsáveis queixam-se do peso.
Médicos são consultados, profissionais das instituições educacionais são procurados pelos familiares para ouvirem as críticas e, ano após ano, tudo se repete e pouco se resolve. Esta é a verdade.
A justificativa está no material que precisa ir e vir da casa para a escola, para que os alunos façam as tarefas e estudem o conteúdo trabalhado. Um problema sem solução?
No Peretz, amenizamos esta questão com o uso dos armários para os alunos do quinto ano em diante e com a supervisão dos professores do primeiro ao segundo ano do Ensino Fundamental, pela distribuição de tarefas e pesquisas ao longo da semana.
Concretamente, o que está por trás deste problema é a orientação de estudos, de responsabilidade do corpo docente. Uma aula bem dada é aquela que resulta na curiosidade dos alunos por saberem mais sobre o assunto. Assim, os professores, além de fazerem brilhar os olhos dos alunos com um planejamento meticulosamente elaborado para tal, orientam-nos para que saibam organizar tempo e espaço de aprendizagem, com o uso adequado da agenda, descobrindo qual a melhor maneira de aprender, quais dinâmicas auxiliam neste processo.
O resultado é menos peso na mochila com autonomia. É importante destacar que o ser humano não nasce autônomo, mas que a vida exige autonomia nas mais diferentes situações. Se ensinar a estudar é obrigação da escola, auxiliar no desenvolvimento da autonomia dos alunos é condição sine qua non para que possam direcionar a própria aprendizagem conforme suas potencialidades. Aprender a estudar diariamente é a grande dica não apenas para uma melhor qualidade na aprendizagem, mas também para encontrar o peso certo deste leva e traz de material escolar. Um pouco por dia e muito no final.
A saúde agradece, o ensino se amplia e o aprendizado torna-se constante.
Onde está o conhecimento? Na mochila e fora dela, nas telas, nos livros, nas conversas, nas leituras, nas brincadeiras, na relação com o outro, na vida e isso não precisa pesar na mochila.
Afinal, se não devemos e não podemos carregar o peso dos problemas nas costas, por que fazer com que crianças e adolescentes carreguem o peso dos livros na mochila?
*Lígia Fleury é diretora do Curso Fundamental I