PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Blog dos Colégios

Opinião|Rememorar e Aprender

Atualização:
 Foto: Estadão

"A história é escrita geralmente pelos vencedores. Tudo o que sabemos acerca dos povos assassinados é o que os seus assassinos consentiram em dizer. Se os nossos inimigos vencerem, se forem eles a escrever a história desta guerra [...] podem, também, decidir apagar-nos completamente da memória do mundo, como se nunca tivéssemos existido." (Itzhak Schipper, historiador judeu)

PUBLICIDADE

Segundo o filósofo alemão Walter Benjamin,o papel do historiador é "escovar a história a contrapelo", isto é, rememorar o passado e tentar restituir vida, a existência e a dignidade às pessoas que foram "apagadas" da história, como Itzhak Schipper,assassinado em um campo de concentração nazista.

Nesse sentido, a arte pode desempenhar um papel importante, visto que ela possibilita uma abertura da história e possui "frequentemente mais memória e mais futuro que o ser que a olha" (Didi-Huberman, 2015: p. 16). Em diálogo com essa perspectiva, a poeta portuguesa Mathilde Campilho disse, em uma entrevista,que a função da arte é de "fazer fraquejar os joelhos um pouquinho quando é preciso", bem como "levar a atenção para a dor" por andarmos distraídos demais. Para ela, "a arte cumpre essa função de chamar".

A fim de chamar a atenção para a dor ligada ao extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, os alunos do 9º ano do Colégio Pentágono discutem quatro fotografias produzidas em Auschwitz pelos membros do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus isolados e forçados a realizar as tarefas que os nazistas não queriam executar).

Em seguida, leem um trecho do livro Imagens apesar de tudo, em que o filósofo e historiador da arte francês, Georges Didi-Huberman, analisa essas imagens. Assim, eles reconhecem que o esforço coletivo dos prisioneiros judeus para a produção dessas fotografias é uma forma de resistência, um resquício de sobrevivência e uma recusa ao esquecimento daqueles que viveram a barbárie.

Publicidade

Com esse processo de rememoração, os alunos percebem que a história está sempre em transformação, e que cabe a nós procurar os restos daqueles que ainda não foram descobertos e permanecem esquecidos nas produções históricas. Em um mundo marcado por tantos dramas e tragédias, como o extermínio dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, as aulas de História do Colégio Pentágono procuram humanizar e contribuir para que os alunos tenham uma postura ética perante as questões apresentadas pela vida.

Thales Matos Martins Professor e Coordenador de História do Colégio Pentágono

Opinião por Colégio Pentágono
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.