Ao contrário dos tempos em que a infância era marcada pelas brincadeiras de rua, vivemos numa época em que boa parte das crianças pratica pouca atividade física e fica exposta excessivamente a aparelhos eletrônicos. O sedentarismo que acompanha esse estilo de vida desfavorece o desenvolvimento adequado das habilidades e coordenações físicas e da tonificação e fortificação corporal.
Quando ensinamos artes que envolvem o corpo, abordamos muitos conteúdos além da técnica, o trabalho com corpo contribui para o posicionamento do indivíduo na sociedade. Acredito que toda a técnica carrega valores e crenças sobre a vida e principalmente sobre o corpo, influenciando nosso comportamento diante do mundo, diante de outro indivíduo.
O circo é uma arte do risco, que provoca medo, insegurança e frio na barriga, assim como alegria de conseguir executar o movimento, a capacidade de vencer e de se superar. O circo é muito rígido tecnicamente e duro se treinado intensamente. Como arte educadora acredito no ensino desta arte como um meio e não um fim, um meio de lidar com o próprio corpo, com o outro, com desafios e tarefas que acreditamos nunca sermos capaz de fazer.
Não existe alegria maior do que ver olhinhos brilhando de emoção com um movimento que acabou de ser executado pela primeira vez. Normalmente a reação diante de um exercício proposto é " eu não consigo! ", sem ao menos tentar. Quando descobrem que conseguiram realizar o que parecia impossível, as crianças sentem-se capazes e prontas para novos desafios.
O universo circense possui ludicidade, expressão, arte, desafio e cooperação. O ensino da técnica circense proporciona o autoconhecimento, a consciência, o desenvolvimento corporal, o trabalho em grupo e o respeito pelo outro. No ambiente escolar gera outra interação entre o ambiente e os alunos, favorecendo aprendizados diferentes no mesmo espaço.
O desenvolvimento de cada criança é outro com o ensino de diversas artes e treinos corporais, sua evolução é muito clara e rápida. É maravilhoso poder acompanhar de perto todo esse aprendizado de desenvolvimento das habilidades corporais, da consciência das potencialidades, do cuidado consigo e do respeito pelo outro.
Thais PontesArte educadora e professora da Oficina de Circo dos grupos do Integral