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Blog dos Colégios

Para ouvir as estrelas

Por Colégio Ítaca
Atualização:

Quem não se lembra de, quando criança, se equilibrar em noites quentes, nos estreitos espaços dos muros de nossas casas (ou das casas de nossos avós) para observar as estrelas? Eram momentos tão mágicos quanto solitários e felizes. Tínhamos todo o tempo do mundo, e a vastidão do universo podia caber em nossos olhos. A sensação de plenitude e pequenez embalava a infância nesse simples ato de observar: observar o céu, a formiga, a pedra. Observar a vida à nossa volta.

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Infelizmente, as crianças de hoje, principalmente as que vivem em grandes metrópoles como São Paulo, têm pouca (muitas vezes nenhuma) condição de mergulhar nesses devaneios. A escola, então, acaba sendo também um espaço em que esse olhar deve ser estimulado. O olhar observador, instigador e curioso da criança, que a leva a aprender e a conhecer mais.

Pensando nisso, unimos as aulas de Arte e Ciências, levando às crianças do 6°ano um pouco do universo e de suas curiosidades, por meio da Astronomia, nas aulas de Ciências, e do trabalho do artista francês Étienne Léopold Trouvelot, nas aulas de Artes.

Trouvelot viveu no século 19, e era uma figura no mínimo curiosa. Uniu, em sua vida, três grandes paixões: a Arte, a Astronomia e a Entomologia. Sua habilidade artística e os estudos de Astronomia levaram-no a produzir belíssimas obras: eclipses, galáxias, planetas e meteoros chamam atenção pela simplicidade, sutileza de traços e cores suaves. Não há como não se encantar. Aliás, crianças (e não só elas!) demonstram grande fascinação por essa ciência, pois há nela um quê de mistério, perguntas sem respostas, e até fantasia! Basta vê-los, no 6° ano, bombardeando a professora com as mais variadas questões: será que a estrela que vejo brilhar no céu já morreu? Será que há vida em outros planetas? Por que a estrela cadente não é uma estrela? Por que as auroras só acontecem nos polos? Por que a Lua tem crateras? Quantas são as fases do nosso satélite natural? Posso fazer uma viagem ao espaço? O que são os buracos negros?

Os alunos, então, não só exercitaram conversar, discutir e argumentar usando termos científicos, como também ficaram mais interessados em buscar notícias de jornal sobre o assunto, trazendo novas discussões para a aula de Ciências. A partir de então, já imersos e viajando pelo universo astronômico, começaram a produzir suas próprias obras, nas aulas de Arte. Surgiu, assim, no traçado do giz pastel no papel branco, a junção da ciência com a arte, interpretada pelo olhar de cada criança.

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 Foto: Estadão

ASTROUVELOTNOMIA foi o nome dado a esse projeto interdisciplinar.

E, pensando bem, faz falta mais um artista aqui... por isso encerramos com Olavo Bilac e seu poema " Ouvir estrelas". Certamente as crianças podem ouvi-las!

 OUVIR ESTRELAS

Olavo Bilac

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

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Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via-láctea, como um pálio aberto,

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Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"

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E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.

(Poesias, Via-Láctea, 1888.)

Texto: Cris Bosco (Artes EF2) e Patrícia Monteiro (Ciências EF2)

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