Alguns de nós que, nos tempos heroicos, lambuzamos as mãos em mimeógrafos, queimamos os dedos com projetores de slides e nos extasiamos com o aparecimento do videocassete reconhecemos, apesar das dificuldades iniciais de operar essa nova traquitana, a imensidão de possibilidades dessas novas ferramentas aos bem intencionados.
Mas, como "de boas intenções, o diabo nunca fica sozinho", nos obrigamos a algumas palavras de reflexão sobre a utilização pedagógica dos novos recursos tecnológicos.
Como todas as ferramentas, o uso adequado, não importando preço ou capacidade de recursos, é fator essencial para que se obtenham resultados positivos no processo de aprendizagem: fartamo-nos de ver professores que transformaram suas aulas em verdadeiros soníferos didáticos ao, apagando as luzes, submeter seus alunos a belíssimas telas de Power point, onde a figura do professor era esmaecida e perdia a sua imprescindível função de motivador do aprendizado.
Como foram bizarros os esforços de impor, a golpes de mouse, os computadores em sala de aula em situações onde, nem a máquina, nem os conteúdos eram compatíveis ao que, de alguma forma, ficou na conta dos alunos, quer em custo financeiro, quer em aprendizagem comprometida.
É de suma importância que pais e professores jamais percam a dimensão da adequação dos recursos didáticos, pois nada é mais fácil do que nos perder na diversidade e complexidade de que dispomos, além de nos encantar com os meios, esquecendo nossos objetivos.
Mas, o risco maior é o do amesquinhamento do papel do educador em quanto coadjutor e incentivador do processo de aprendizagem, sobretudo, num momento em que estas novas gerações manifestam, mais do que nunca, grande carência humana, constante necessidade de interlocutores com as ciências e seus métodos áridos: um demonstrativo inequívoco de tal realidade é o ressurgimento dos contadores de história que recolocam na atualidade o mais antigo recurso didático.
Sempre caberá ao mestre artesão a delicada tarefa da escolha da ferramenta certa, sobretudo, quando a matéria-prima é o ser humano.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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