Primavera em férias, binômio da felicidade assegurada. Tempo de descansar, relaxar, de se realizar projetos acalentados nas aulas mais monótonas, no percurso para escola. Nada mais justo, nada mais necessário, mas nada tão absolutista.
Preocupa-nos a concepção de férias como um período de embotamento cultural: podemos, muito bem, descansar, buscar fazer que o calendário de trabalho nos impede, mas nada nos obriga a deixar o cérebro na escola.
Convoco estudantes e suas famílias a abandonarem, um pouco, a "cultura de shopping", a desviarem dos roteiros turísticos que fogem de museus, galerias de artes. Convido meus estudantes a reservarem algum tempo para um bom filme, entre dois banhos de mar. Mesmo que possa parecer uma blasfêmia, existem livros que nos distraem, nos divertem, nos tiram da monotonia do cotidiano sem que ninguém nos tache de estranho.
Parece que, dentre os mais disputados símbolos de status social e consumo obrigatório, as viagens incultas figuram como as mais procuradas: faz pena ouvir pessoas que resvalaram por monumentos da cultura humana para, tão somente, tirarem uma selfie para seus "grupos". Isso para não falar de muitos de nós que não conhecem as riquezas de sua própria cidade até que, algum turista inteligente, as mencione.
De há muito, chegou o tempo de fazermos valer nosso tempo de férias.
Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.
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