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Escola e família: limites delicados ou perigosos

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Por Colégio FAAP
Atualização:
"Considerar, com objetividade e cuidado, a vida escolar como um processo é evitar julgamentos apressados e comprometedores" Foto: Estadão

Com as novas conformações familiares que levaram as mães ao mercado de trabalho, as atribuições e responsabilidades na educação foram, da mesma forma, adaptadas a essa "modernidade". Justificando a obviedade introdutória, muito se fala da "nova família", mas nem tanto, do que se transferiu para as escolas nesse novo contexto.

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Foram sendo atribuídas às escolas, em quase todos os níveis, tarefas importantes na formação do educando, de forma mais célere do que a sua capacidade de adaptação e, sobretudo, de formar profissionais preparados.

Quer se fale das escolas em período integral, quer daquelas que mantêm o regime parcial, o afastamento presencial da família na educação dos filhos tem provocado situações que escapam aos menos atentos: não serão as câmeras nas escolas que permitem a visualização de seus filhos distantes; não serão as múltiplas atividades extracurriculares; muito menos será a assistência de psicopedagogos que atenuarão os efeitos do absenteísmo da família.

A questão não é a da distância física, é de uma inconsciente irresponsabilidade nessas novas relações família/escola. Por mais que a escola reforce princípios morais, por mais que trabalhe limites, responsabilidades, hierarquia, sociabilidade e todo o universo que cerca a formação integral do indivíduo, sem o mais cuidadoso sincronismo entre a escola e a família, surgirão ruídos comprometedores na comunicação. Tais descompassos acontecem quando alguma situação inusitada ocorre e, geralmente, a família se dá conta de que, afastada ou ignorante do projeto pedagógico da escola, faltou a indispensável parceria.

Tudo começa quando, na escolha da nova escola, os pais se deixam conduzir por informações incompletas, não dando a devida importância a uma instituição que ocupará espaço tão vital na formação de seus filhos. Não basta uma visita; não é suficiente a opinião de amigos, há que se questionar minuciosamente o projeto pedagógico da escola; há que se visitá-la em funcionamento; há que se conhecer o material utilizado e, sobretudo, o perfil do pessoal docente e pedagógico. Enfim, verificar se os valores que norteiam o colégio de seus filhos são compatíveis com os de sua família.

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Não se pode culpar as famílias pelas pressões pela sobrevivência que as afastam de seus filhos, mas não compartilhar suas vidas escolares da forma mais intensa e constante, é omissão grave e de efeitos imprevisíveis. Mais do que nunca, as comunicações ficaram facilitadas e, as boas escolas, informando em tempo real, surpreende que pais, que passam grande parte de seu tempo on line, "se assustem" quando descobrem que seus filhos estão enfrentando algum problema escolar. Felizmente, uma boa parcela das famílias já se deu conta dessas novas realidades educacionais e se valem desses novos recursos de forma eficaz.

Mais e mais, todos os fatores componentes do processo pedagógico na formação dos jovens devem falar uma língua comum com o mesmo sotaque.

Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.

Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br

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