A Importância dos Pais na Superação dos Resultados Acadêmicos dos Filhos

Do 6.º ano do Ensino Fundamental à 3.ª série do Ensino Médio, o Departamento de Orientação Educacional

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Por Colégio Bandeirantes
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acredita que...

O resultado acadêmico, muitas vezes tão esperado por pais e alunos, pode ser motivo de grande conflito pessoal e familiar. Nem sempre os resultados são satisfatórios. Em alguns casos, estão até mesmo abaixo da média estipulada pela escola; em outros, estão abaixo do esperado por pais e alunos.

 Foto: Estadão

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A necessidade de recuperar as notas, ou melhorar o desempenho, vem muitas vezes contribuir para uma mudança da rotina. Entretanto, nem sempre essa mudança acontece de forma saudável. É importante que o aluno tenha uma rotina que efetivamente contribua para o seu desenvolvimento. Exemplo disso, uma alimentação saudável, horas de sono adequada, lazer, que irão se compor com o cumprimento dos deveres escolares e estudos. Não é indicado, ao contrário, que o aluno diminua suas horas de sono para ter mais tempo de estudo. É sabido que a privação do sono tende a gerar estresse, com sintomas físicos e emocionais, que acabam dificultando o aprendizado. Pesquisas tem mostrado que o sono é necessário para se obter uma boa memória. Por isso é tão importante que o aluno, com ajuda da família, tenha uma rotina e um planejamento de estudo. Entretanto, ir em busca da superação, da conquista por novos resultados, da maior eficácia, no caso as notas obtidas, exige pressupostos: torna-se imprescindível a Motivação. Estar motivado e com disposição para estudar mais e melhor não irá, simplesmente, surgir do nada.

"[...] Mudamos quando descobrimos o que há de melhor em nós e quando percebemos maneiras especificas de usar mais as nossas forças pessoais". SELIGMAN, 2012, p.72.

É a forma como os resultados são interpretados que podem ou não contribuir para o surgimento e desenvolvimento dessa tão almejada e necessária motivação. Segundo o modelo cognitivo, desenvolvido por Aaron Beck no início da década de 60, é a forma como pensamos sobre a situação que nos leva a determinada emoção e comportamento. Portanto, diante de um resultado insatisfatório, como isso será interpretado pelo aluno e pela família poderá contribuir ou não para novas conquistas. Por exemplo; se o aluno interpretar o resultado negativo como: "eu não sou capaz, nunca conseguirei ir bem, serei reprovado", ele provavelmente ficará triste, desmotivado e terá comportamento, muitas vezes, de fuga e esquiva diante dos estudos. Mas se o aluno apresentar interpretação mais específica e temporária como: "não fui bem neste bimestre, não fui bem nesta disciplina, de fato não estudei o suficiente", então, sim, ele terá condições de identificar a necessidade na mudança de comportamento e desenvolver novas estratégias. Para obter a realização do que deseja, irá necessitar do esforço maior e, para isso é imprescindível acreditar, ter crenças positivas, que vão ajudá-lo no enfrentamento do novo processo. E neste momento a ajuda dos pais é imprescindível! Ao identificar um resultado negativo ou insatisfatório, os pais podem ensinar o filho a pensar de forma mais funcional. Martin Seligman, autoridade mundial em psicologia positiva, diz:

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 "[...] Nossos pensamentos não são meramente reações aos acontecimentos; eles modificam o que sucede. Se nos julgarmos, por exemplo, sem condições para influir no destino de nossos filhos, ficaremos paralisados quando tivermos de enfrentar essa faceta de nossas vidas.  A ideia de que "Não adianta fazer nada" tolhe nossos movimentos, impede-nos de agir. Se superestimarmos nossa incapacidade, outras forças assumirão o controle e modelarão o futuro deles". SELIGMAN, 2005, p. 29.

É importante que o aluno consiga diante das adversidades dos resultados encontrar apoio familiar, que vai ajudá-lo a compreender melhor o seu desempenho acadêmico e superar suas dificuldades.

Segundo FABER a forma como os pais expressam o que pensam dos filhos irá influenciar suas emoções e comportamentos [...] (FABER, 2003, p.229).

Os filhos necessitam de um olhar realista, porém mais otimista, por parte dos pais. Olhar este, que os ajudem a desenvolver estratégias funcionais de enfrentamento.

"[...] Uma criança pode ter tudo o que quer e, ainda assim, ter uma vida mental melancólica. No final das contas, o que importa é o quanto de positividade existe dentro de sua cabecinha. Quantos bons e maus pensamentos lhe ocorrem a cada dia? É impossível sustentar um estado de espírito negativo em meio a memórias, expectativas e crenças positivas, assim como é impossível sustentar um estado de espírito positivo na presença de grande número de pensamentos negativos". SELIGMAN, 2004, p.250.

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Isso não significa entender tudo de forma positiva. Significa não ter pensamentos eminentemente negativos, fazer atribuições mais funcionais, que possam contribuir para novo desempenho e prevenir possíveis transtornos emocionais. Desta forma, ensina-se a resiliência, que ajuda na superação dos momentos de crises e adversidades. A resiliência tem sido, nos últimos anos, tema de pesquisa e estudos, sendo uma das habilidades mais desejadas para o novo século.

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Segundo YUNES vários autores em seus estudos sobre resiliência no indivíduo, mostraram a influência de relações com pessoas significativas e próximas como apoio na superação das adversidades da vida [...] (YUNES, 2003, p. 81).

Entendemos portanto, que a resiliência pode ser aprendida. E que a forma como os pais expressam o que pensam dos filhos diante dos resultados acadêmicos, poderá contribuir para um melhor enfrentamento de uma situação supostamente negativa.

Compreendemos assim, que o apoio familiar seja contributo insubstituível para compreensão adequada dos resultados acadêmicos dos seus filhos, fator definitivo para a superação das dificuldades.

Vera Malato Coordenadora do Departamento de Orientação Educacional

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 Lúcia Costa Maiochi Orientadora Educacional 6.ºs anos -Ensino Fundamental

 Terezinha Di Giulio Orientadora Educacional 3.ªs séries - Ensino Médio

BIBLIOGRAFIA

BECK, Judith. Terapia cognitiva: teoria e prática / Judith S. Beck; tradução de Sandra Costa. - Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

FABER, Adele. Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar/ Adele Faber, Elaine Mazlish; tradutoras Adri Dayan, Dina Azrak, Elisabeth C. Wajnryt - São Paulo: Summus, 2003.

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SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica: Usando a nova psicologia positiva para a realização permanente/ Martin E. P. Seligman, tradução de Neuza Capelo. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

SELIGMAN, Martin E. P. Aprenda a ser Otimista / Martin E. P. Seligman; tradução de Alberto Lopes - 2.ª ed. - Rio de Janeiro: Nova Era, 2005.

SELIGMAN, Martin E. P. [recurso eletrônico]: Florescer - uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar/ Martin E. P. Seligman; tradução Cristina Paixão Lopes - Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.recurso digital

YUNES, Maria Angela Mattar. Psicologia Positiva e Resiliência: o foco no indivíduo e na família. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, num. esp., p.75-84, 2003.

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