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Mestrado em café na Itália oferece bolsas para brasileiros

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Por Andrea Tissenbaum
Atualização:

Livia Mundim, Anna Rossi Illy e Roberto Morelli, Diretor da Ernesto Illy Foundation Foto: Estadão

A bolsista brasileira Livia Mundim e o Professor Samuel Giordano da USP - SP falam sobre a importância deste mestrado internacional na cidade de Trieste.

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Realizado na cidade de Trieste, na Itália, o Mestrado Internacional em Economia e Ciência do Café (International Masters in Coffee Economics and Science Ernesto Illy) oferece uma formação multidisciplinar sobre o mundo do café. O programa engloba todo o ciclo produtivo - do cultivo até os serviços de alimentação, incluindo logística e o processo de industrialização.

A Fundação Ernesto Illy, que organiza o programa em parceria com renomadas instituições de ensino italianas, divulgou que dos 27 alunos matriculados atualmente, sete são brasileiros, um recorde de todas as edições do curso, que teve início em 2011.

Este ano, o escolhido foi Vitor Stella, engenheiro agrônomo de 26 anos. "Acredito que a troca de experiências com colegas de outros centros de produção será extremamente importante, não só para entender o âmbito produtivo, mas também as maiores virtudes e os gargalos que cada um encontra no seu próprio país", afirma.

O Prof. Samuel Giordano coordenador da Universidade do Café, conta que o programa de difusão de conhecimentos em café que a illycaffè promove em diferentes países, tem parceria no Brasil com a Universidade de São Paulo - USP, onde ele faz parte do corpo docente

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"Trata-se de um programa intensivo, que acontece ao longo de cinco meses, no qual os alunos passam por um período de muito trabalho, onde a diversão e o prazer têm que ser esquecidos. Na cidade de Trieste, são expostos a um ambiente que talvez seja um dos lugares mais importantes do mundo em logística, comercialização, industrialização (torrefação) e mercado do café.

O grande diferencial deste curso é ele que envolve acadêmicos e profissionais de diferentes partes do mundo. Além disso, os alunos recebem informações teóricas e práticas. Fazem diversas visitas técnicas, como por exemplo ao porto, para ver o que é realizado em termos de transporte e armazenamento e às cafeterias históricas de Trieste, para compreender os aspectos culturais do café. São expostos a uma serie de atividades extraclasse que têm uma importância imensa em sua formação. Há sete anos sou docente desse mestrado e posso dizer que é um curso único no mundo, não há nada semelhante. Nossos ex-alunos são profissionais muito bem-sucedidos na cultura do café e muitas vezes voltam para dar aula.

Na Itália, os formandos recebem o titulo de MSc - Magister Scientiae. Embora não haja equivalência direta no Brasil, é possível pedir revalidação do diploma", explica o Professor Giordano.

O curso custa 15 mil euros, mas anualmente bolsas parciais ou integrais são oferecidas e os alunos selecionados recebem excelente suporte.

Livia Mundim, mineira de Monte Carmelo, estou comunicação social na Universidade de Uberaba. Fez uma pós-graduação em gestão de negócios pelo IBMEC Minas e outra em gestão de pessoas no Fanshawe College, no Canadá.

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Seu contato com o café começou cedo - seu pai e seu tio são cafeicultores em Minas Gerais. No entanto, Livia só se interessou mesmo em trabalhar com o produto quando estava no Canadá e percebeu que era base de todas as bebidas nos coffee shops das cidades onde morou. Compreendeu que no exterior as pessoas dão muito valor à bebida e começou a se interessar mais.

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"Meu visto de trabalho no Canadá estava terminando e como eu não conseguia renova-lo, pensei em voltar para o Brasil para trabalhar na fazenda da família. No entanto, li uma matéria sobre a a bolsa de estudos para este curso e me candidatei. Voltei para o Brasil e assim que comecei a trabalhar em um novo emprego, fui selecionada para fazer a entrevista em São Paulo. Ganhei uma bolsa integral e parti para Trieste em janeiro de 2017", ela conta.

"Para quem é do ramo, minha recomendação é que faça esse mestrado. As aulas são excelentes e o curso é muito intenso. Você realmente aprende tudo sobre o café. De biologia e genética da planta ao marketing - como abrir uma cafeteria, uma torrefadora, ou como ser um trader - você fica sabendo tudo sobre este universo incrível.

Esse mestrado já é uma referência para quem é da área. O grupo de alunos é bem exclusivo e diversificado. Quando terminei, fui trabalhar na CafeBras, uma empresa de compra e venda de café verde. Decidi me especializar em cafés especiais. Paralelamente, vi a oportunidade de lançar uma plataforma na qual pessoas interessadas em visitar fazendas de cafés especiais pudessem ter contato direto com os produtores. Dessa forma, o produtor ganha uma renda extra e os amantes do café, torrefadores e cafeterias não ficam dependendo de uma terceira parte para promover a viagem", explica.

Foi assim que nasceu a 2origins.com, que está em desenvolvimento final e será lançada em abril de 2018. A proposta é que o contato com os produtores seja direto, assim como os negócios. Além dos pacotes para visitar as fazendas, também vai oferecer a venda de cafés brasileiros especiais para o mundo todo. "O café é uma commodity que passa por varias transformações até chegar no produto final e a paixão do produtor pelo seu trabalho é a parte mais bonita do processo. É preciso mostrar isso para o mundo. Adoro conectar pessoas e o café faz isso, esse é o papel que ele tem na história, unir as pessoas", reforça.

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Livia está trazendo europeus para o Brasil para visitar fazendas de café, facilitando conexões. Tem parceria com aproximadamente 50 fazendas no Cerrado Mineiro, Alta Mogiana e Sul de Minas que receberão amantes e profissionais do café.

"Estudar fora mudou completamente a minha vida. Sair do seu país para viver em outro abre seus horizontes e sua cabeça. O mundo fica grande, o conhecimento fica mais alargado, você tem acesso a mais informação. Passa a entender que as pessoas são mesmo diferentes, mas que ainda assim somos todos humanos, então o respeito e a empatia são muito importantes. Durante o mestrado, compartilhei meu tempo em uma sala de aula com 27 colegas de países e culturas diferentes que tinham em comum a mesma paixão. A diversidade de nossas experiências complementou nossos estudos. Constituímos uma família do café", complementa Livia.

Livia Mundim e sua turma no Mestrado Internacional em Economia e Ciência do Café Foto: Estadão

Ficou interessado? As inscrições para as bolsas de estudo normalmente acontecem de abril a junho.  Alunos pagantes podem inscrever-se de junho a outubro.

Para esclarecimentos adicionais sobre o processo de seleção para a bolsa de estudos, entre em contato através do e-mail pensa@pensa.org.br ou pelo telefone 11 3818-4005. Informações adicionais sobre o curso podem ser obtidas através do e-mail: master@illy.com.

Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionaisEntre em contato: tissen@uol.com.br

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