Ranking após ranking, nos deparamos com o que há de pior na nossa Educação: alfabetização sofrível, níveis estratosféricos de evasão, professores despreparados e escolas presas a um sistema que as torna chatas, desinteressantes e ineficientes. As constatações sobre a precariedade do nosso ensino são tantas e tão recorrentes que nos impedem de enxergar experiências que, longe dos holofotes, têm contribuído para repensar e renovar a Educação dentro e fora do país.
Mas o que é exatamente uma escola inovadora? É uma escola que olha para o aluno de forma única e acredita de verdade que todos podem aprender, no seu ritmo e do seu jeito; que adota estratégias diferenciadas para explicar os fenômenos do mundo e enxerga a criança como um ser em formação com mente, corpo e espírito, que precisa conhecer a si próprio para crescer e ser bem-sucedido.
Essa escola pode estar numa área rural, e usar a natureza como meio de aguçar o interesse do aluno em entender como tudo na vida é cíclico e interdependente, ou na cidade, e se apropriar da tecnologia para ajudá-lo a lidar com a complexidade da vida urbana e aprender com ela. No fundo, interessa menos em que local ela se encontra e quais ferramentas utiliza, pois a abordagem diferenciada é desenvolver em cada criança a curiosidade e a paixão pelo saber.
O Brasil tem mostrado que é capaz de inovar, como mostram os resultados preliminares do desafio global Edumission, que está selecionando as escolas mais inovadoras do mundo para dar início a uma rede de colaboração e troca de conhecimento educacional de excelência: das 24 finalistas, 10 são brasileiras, entre as quais a Escola da Toca, uma iniciativa do Instituto Península, braço social da minha família, e a Wish Bilingual School, da qual sou sócia.
São dois projetos diferenciados e consistentes, que merecem este reconhecimento. Localizada em Itirapina, interior de São Paulo, a Escola da Toca foi criada em 2009 em caráter experimental para atuar por meio de uma abordagem focada em alfabetização ecológica, com base em três princípios: a inspiração na natureza, o respeito e a apreciação da cultura da infância e o desenvolvimento integral.
Já a Wish fica no Jardim Anália Franco, zona leste de São Paulo. A escola nasceu tradicional - era como todas as outras em termos de currículo, espaço e divisão de classes-, mas passou por uma reviravolta em 2012, quando adotou a Educação Holística como estratégia central de seu projeto pedagógico. Hoje, a escola não tem provas, as turmas são multietárias e o aprendizado se dá por meio de projetos. Em breve, as paredes que delimitam as salas de aula serão derrubadas.
A finalistas desta primeira edição do Edumission foram selecionadas a partir de vários critérios, entre os quais comprometimento, diferencial pedagógico e potencial para escalonar a experiência. A seleção foi feita por especialistas de renome mundial, como o consultor britânico Ken Robinson, o professor indiano Sugata Mitra, o psicólogo americano Peter Gray, o educador israelense Yaacov Hecht e a brasileira Helena Singer, assessora especial do MEC, e também por voto popular. As vencedoras do desafio serão anunciadas no início de 2018.
Estou muito feliz por ter entre os finalistas dois projetos aos quais estou ligada!