O movimento maker traz seu objetivo no próprio nome, em que maker, do inglês, significa "fazer", e neste caso tem relação direta com o termo "faça você mesmo", promovendo que milhares de pessoas criem objetos e executem seus projetos. Para Chris Anderson, autor do livro Makers: a nova revolução industrial, esta cultura tem um potencial ainda maior, uma vez que transfere o poder das indústrias para as mãos do usuário final, os consumidores. Segundo Anderson, este movimento pode estar à frente da próxima revolução industrial, em que qualquer pessoa poderá fabricar seus produtos, com um pouco de conhecimento de design e de manipulação de impressoras 3D, cortadoras a laser e robótica.
A primeira impressora 3D foi inventada por um norte-americano, Chuck Hull, em 1984. Porém, somente na última década, com o avanço da tecnologia, ela se tornou popular e acessível, o que impulsionou o "movimento maker". Também contribuíram para esse avanço a democratização da programação de computadores e de plataformas mais simples e baratas para programar, como o Arduino.
Nos últimos anos, muitos professores e pesquisadores tentam compreender como a cultura maker pode melhorar a Educação. Além de estimular a criatividade e a autonomia, as características deste movimento, quando aliadas aos conteúdos e habilidades curriculares, podem transformar a sala de aula. Por exemplo, em uma aula de Ciências, os alunos rotineiramente estudam a microscopia em equipamentos prontos, que geralmente não saem da sala de aula. Utilizando materiais economicamente acessíveis, é possível achar uma infinidade de tutoriais de como produzir um microscópio potente usando um celular. Tal prática melhora a compreensão do aluno sobre as partes do equipamento e suas funções e permite levar o microscópio ao campo, o que acentua o desenvolvimento de habilidades de pesquisa cientifica.
Paulo Blikstein, professor e pesquisador da Universidade de Stanford, que encabeça o projeto FabLab@School, associa as possibilidades da fabricação digital na Educação com teorias pedagógicas de Seymour Papert e Paulo Freire, em que a escola se torna mais conectada com a realidade do jovem e com os problemas que ele enfrenta no cotidiano. Em vertentes mais específicas, a fabricação digital pode estar conectada com várias disciplinas, em projetos interdisciplinares que englobam Matemática, Ciência, Engenharia e Tecnologia, também conhecida como STEM (Science, Technology, Engineering and Math).Na Educação, o grande desafio é como conectar as ideias do "movimento maker" de forma problematizada e integrada, a fim de levar crianças e adolescentes a criarem projetos e objetos que podem ter impacto social, resolver problemas no meio em que estão inseridos, e transformar salas de aula em espaços para estimular a criatividade e a colaboração.
Quer conhecer mais sobre a cultura maker na prática? Existe um espaço na cidade de São Paulo onde todos podem ter acesso a equipamentos, oficinas e realizar seus próprios projetos, o FabLab Livre SP. Basta acessar o site abaixo, encontrar a unidade mais próxima e colocar as mãos na massa. Conheça também o site da Nave à Vela, empresa parceira do Colégio Albert Sabin na implementação de robótica e projetos maker.
FabLab Livre SP: http://fablablivresp.art.br/
Nave à Vela: http://www.naveavela.com.br/
Referências
BLIKSTEIN, Paulo. "Digital fabrication and 'making' in education: The democratization of invention". FabLabs: Of machines, makers and inventors, v. 4, 2013.
SAMANGAIA, R.; NETO, Demétrio Delizoicov. "Educação científica informal no movimento "Maker"". X Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências-São Paulo, 2015.
ANDERSON, Chris. Makers: a nova revolução industrial. Rio de Janeiro: Campus, 2012.
Leandro Fernandes
Assessor Pedagógico de Ciências.