Os formatos e as metodologias do futuro

Como serão as aulas do futuro? Semipresenciais? Síncronas? Online? Socráticas? Com o uso de simuladores? Haverá um pouco de tudo. Mas o mais importante é que o formato do conteúdo e a sua metodologia pedagógica serão adaptados às preferências de aprendizado de cada aluno.

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Por Newton Campos
Atualização:

Algumas escolas mais modernas já começam a estabelecer grupos de discussão para debater sobre como deverá ocorrer a troca de conhecimento entre professores e alunos com a adoção das novas tecnologias educativas que invadirão nossos lares e escolas nos próximos anos. Que conteúdo será lecionado em que formato? Para quais tipos de matéria vale a pena usar um tablet? Quais matérias serão mais bem compreendidas se aprendidas através de um videogame? Isso tudo estará na mesa do educador consciente.

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Pesquisas demonstram que, até o ano de 1990, os adultos norte-americanos conseguiam concentrar-se por até 18 minutos em uma pessoa falando ininterruptamente. Entre 1990 e o ano 2000, este tempo caiu para aproximadamente 12 minutos e atualmente esta tolerância encontra-se em apenas 8 minutos.

Na média, a partir deste oitavo minuto, a audiência começa a verificar seus celulares e computadores (inclusive para procurar mais informações sobre o que está sendo exposto). Desconheço quais serão os tempos de tolerância de crianças e adolescentes.

Essa questão sempre foi um problema, pois as aulas sempre tiveram mais de 18 minutos. Issac Newton, por exemplo, há muitos séculos atrás, já era conhecido por de vez em quanto começar uma aula com 20 alunos e terminar a mesma com a sala vazia.

Lembro-me muito bem de uma aula de Direito Societário, na faculdade, há muitos anos, onde numa determinada noite, 100% dos alunos dormiu enquanto o professor lecionava. Segundo uma testemunha que passava (eu estava dormindo), ele ficou sem graça, mas continuou sua palestra (talvez se inspirando em figuras como Isaac Newton).

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A questão é que com o futuro fim da obrigatoriedade da presença física para a realização da troca de conhecimento, muitos canais de aprendizado (antigos e novos) se abrem para esta finalidade. Tenho testado alguns em minhas aulas de pós-graduação:

Aulas síncronas presenciais com a presença de convidados síncronos online; debates assíncronos online com foros baseados em texto, vídeos e áudios; simuladores que misturam decisões coletivas síncronas presenciais (ou online) com vídeos gravados a priori (assíncronos). Muitas combinações de ferramentas pedagógicas passam a ser possíveis.

2030: A telepresença para uso educativo  Foto: Estadão

Tive uma reunião esta semana com uma aluna minha que está reunindo um grupo de psicólogos e pedagogos pelo mundo para desenvolver algumas provas online de avaliação que indicarão estilos de aprendizado individualizados para os alunos. Ela está usando sua própria experiência como ponto de partida: ela sempre foi boa aluna mas em algumas matérias aprendia muito mais que em outras e isso a incomoda.

Com isso, ela espera poder categorizar os alunos entre aqueles que são mais estimulados por modelos teóricos, por informação audiovisual, por simuladores práticos, etc.

De posse desta informação rica e individualizada de cada aluno, cada universidade e cada professor poderá adaptar sua forma de ensinar de acordo com o perfil do alunado daquele ano.

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Ferramentas de avaliação como esta passarão a ser utilizadas inicialmente pelas escolas e pelas universidades mais inovadoras, mas atingirão toda a sociedade nas próximas décadas.

Como forma de ilustração, trago um vídeo inspirador, com quase 3 milhões de acessos, que nos remete a como poderia ser nosso futuro em 2030 com relação às tecnologias de informação (trata-se de um futuro idealizado, obviamente). Acho que o exemplo da cirurgia a distância se aplica mais às salas de aula do futuro do que o exemplo do colégio infantil em si.

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