Em 2012, vimos aqui no blog um debate (clique aqui para ver) sobre um ponto cego na educação primária a nível mundial que é a formação financeira. Pois bem, acabo de saber que o primeiro jogo na linha de produção da Startup Educar 3.0 se chamará Educash. Desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por economistas, contadores, empreendedores, pedagogos e tecnólogos da informação, o jogo vai ajudar na conscientização da gestão de recursos por parte de crianças de 6 a 12 anos. Educação financeira, alfabetização emocional e consciência socioambiental formarão os três pilares deste jogo, que se encontra em fase de desenvolvimento. Video sobre o jogo:
Educash from Educar 3.0 on Vimeo.
Esta semana conversei brevemente por Skype com um dos fundadores a empresa, o contador e economista Flávio Giani Ramos, que possui grande experiência com consultoria e gestão de riscos para empresas do Brasil e do exterior.
1) Por qual motivo você decidiu começar a atuar no setor da educação? A educação é base do desenvolvimento. É o maior legado de um povo, de sua raiz e identificação cidadã. Como empreendedor, percebi que o setor ainda carece de visão estratégica de longo prazo e gestão profissional (management). Meu caminho profissional consultivo coincide com a expectativa de deixar um legado positivo na criação de valor. O Brasil terá, nos próximos dez anos, uma oportunidade histórica para tirar o atraso na educação básica -- e garantir que nossa economia de fato decole.
2) Por que o primeiro jogo da empresa tem como tema as finanças? No Educash, estimulamos a criança a pensar, aprender a planejar objetivos para alcançar seus sonhos, com elementos de sua realidade conhecida ou desconhecida, mas nunca de forma isolada ou sem significado. Assim, em cada fase, há pequenos desafios, situações e problemas que instigam a resolução a partir de uma gestão adequada das finanças, ao longo de um certo tempo e com a avaliação de suas emoções e de suas habilidades empreendedoras.
3) Como você vê o desafio de abraçar a educação como bandeira em um país que valoriza tao pouco o professor e o pedagogo e onde a família vive alheia e distante dos processos educacionais? Foi pensando nessa "defasagem" cultural e progressiva entre ambiente escolar e famílias que nos sentimos instigados a pensar uma solução com uso de tecnologias digitais dentro e fora das salas de aula, pois a transmissão do conhecimento vem se tornando, rapidamente, um grande desafio para uma geração de professores que estudou e aprendeu a ensinar em uma era pré-digital e não contava com recursos de interação e colaboração capazes de conectar mestres, estudantes e a família de uma forma geral, independente de formação, cultura ou condição econômica em que vivem.
Com tantas ferramentas à disposição para aprender e compartilhar, as gerações Y e Z agora exigem das escolas uma veloz revolução nas metodologias de ensino capazes de sedimentar uma estrada sólida para a "Educação 3.0", termo que vem sendo amplamente disseminado por pensadores como o americano Jim Lengel, professor da Universidade de Nova York, que, entre outros fatores, define esta nova escola como uma instituição na qual "alunos e professores produzem em conjunto, empregam ferramentas apropriadas para a tarefa e aprendem a ser curiosos e criativos".
4) Quais resultados escolas e famílias poderão esperar com o aprendizado proposto por esta ferramenta? Nós observamos que preparar os estudantes desta nova geração para o mercado de trabalho irá exigir - e já está exigindo - uma nova postura dos educadores orientada para a Sociedade do Conhecimento, que, entre outros princípios, busca desenvolver alunos engajados, motivados e prontos para enfrentar os desafios de hoje e do futuro e enxerga o aprendizado como uma ação continuada.
É tão urgente repensar os modelos pedagógicos e o tradicional formato das salas de aula, onde o professor era o único detentor do conhecimento, quanto investir na implementação das tecnologias digitais e preparar nossos professores para lidar com esta nova geração que já não precisa mais ir às bibliotecas ou carregar livros para ter acesso à informação.
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