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Computadores, tablets e telefones em sala de aula: banir ou não banir?

Lá atrás, nos idos de 1980 e 1990, tanto no colégio como na faculdade, lembro-me dos professores que aceitavam (ou não) leituras paralelas ou walkmans em sala de aula. Para quem não sabe, os walkmans eram toca-fitas (de música) portáteis. Alguns professores viam isso como um problema, outros não. Para alguns dos professores que aceitavam essa prática, o conteúdo acessado geralmente tinha alguma importância: uma coisa era ter um aluno lendo a revista Super Interessante numa aula de ciências ou o jornal O Estado de S. Paulo numa aula de economia, outra coisa era ter um aluno lendo Playboy ou escutando música. Em geral, fiquei com a lembrança de que a grande maioria dos professores considerava atividades paralelas como um desrespeito à sua figura ou à do conteúdo proferido.

Por Newton Campos
Atualização:

Atualmente, se pararmos para pensar, o problema continua relativamente parecido. Entretanto, hoje não são apenas as triviais revistas em quadrinhos, fitas-cassete ou jornais que os alunos podem levar para sala de aula. Eles podem levar praticamente toda sua vida e as vidas dos outros com eles: calendários, correios eletrônicos, enciclopédias (Wikipedia), serviços de voz (Skype), tratamento de dúvidas (Google) e mensagens instantâneas (WhatsApp), relacionamentos sociais (Facebook), canais de televisão (Netflix) e música (Spotify), além obviamente de todo tipo de documentos e jogos.

 

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Por incrível que pareça, em pleno 2014, a proposta de banimento destes aparelhos em sala de aula virou um tema de grande discussão nas últimas semanas em vários fóruns de qualidade: The New Yorker, Medium e The Chronical of Higher Education, por exemplo, publicaram opiniões a favor e em contra o banimento de computadores, tablets e telefones em sala de aula.

Como professor, acho esta discussão muito pertinente, dado que também tenho sido bastante afetado pelo fenômeno. Dependendo do dia, posso chegar a ter 50% ou mais da sala de aula consultando estes aparelhos. O que faço? Devo proibi-los? Compartilho argumentos a favor e contra a proibição:

A favor do banimento: - Muitos alunos não possuem discernimento para entender qual interação será mais importante para seu futuro: a discutida em sala de aula ou a de um debate com os amigos no Facebook; - Os alunos são "seduzidos" e até mesmo "atacados" por tantas distrações que mal conseguem se proteger. O banimento lhes protege; - Como fumantes passivos, alunos que não estão consultando seus aparelhos acabam se distraindo com os que sim o fazem.

Contra o banimento: - Estas tecnologias vieram para ficar, devemos conviver com elas e tanto alunos como professores devem aprender a lidar com elas se quiserem ser cidadãos mais conscientes; - Distrações como estas sempre estiveram presentes, e sempre tivemos que aprender a conviver com elas; - Professores que proíbem estes aparelhos em sala de aula estão apenas protegendo sua forma antiga de ensinar ao invés de adaptarem sua pedagogia aos novos tempos.

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Está difícil decidir como agir. Dependendo da faixa etária dos alunos e da matéria sendo lecionada o problema ganha dimensões desastrosas. Noto que os alunos mais jovens são mais afetados pela sobrecarga de informação. Por outro lado, matérias obrigatórias (que em colégios, são a maioria), tendem a não despertar o interesse de uma parte do alunado, que migram sua atenção rapidamente para seus aparelhos. Mas acho que banir será sempre a decisão mais fácil. Optei por aprender a conviver com esta realidade e a integrar os aparelhos às minhas aulas.

Mas e você? Está a favor ou em contra do banimento destes aparelhos da sala de aula? Por quê? Compartilhe sua opinião conosco. ***

Para mais informação sobre o colunista: LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/newtoncampos/ Instagram:

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